Adnilo Lotus de Carmin - Entrevistada

Adnilo Lotus de Carmin - Entrevistada

por Shirley M. Cavalcante (SMC)

 

Adnilo Lotus de Carmim é natural de Santa Cruz do Bispo. Passou parte da vida em França e vive na Maia. É licenciada pela Universidade do Porto em Línguas e Literaturas Modernas e Mestre em Linguística. Foi premiada diversas vezes pela Société des Poètes et Artistes de France, na categoria de poesia – Section Jeunes, Prémio Henry François Guitard – Poesia Jeunes – Poesia livre – Contos e Novelas.

Em 2008 foi premiada pela Papiro Editora na categoria de romance com a obra “Os Lírios da Vida”. É autora de prefácios de várias obras literárias, nomeadamente de:

- As Cores do meu Silêncio do autor Carlos Bondoso;

- À luz da escrita do autor João Dizentte;

- DUPLOS ANTOLOGIA dos autores Mirian Cerqueira Leitee Maurício Gervazoni.

É autora dos romances:

- Lírios da Vida (2008)

- mar desfeito (2009)

 

“A mensagem que pretendo transmitir é que devemos estar atentos aos gestos e às atitudes dos outros. Um simples olhar pode influenciar o nosso comportamento. Os olhos são autênticos espelhos e, por isso, muito nos podem revelar. Não devemos julgar as pessoas à toa.”

 

Boa Leitura a todos!

 

 

SMC - Escritora Adnilo Lotus de Carmim é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter gosto pela escrita?

Adnilo Lotus - É um prazer ser entrevistada e participar no projeto Divulga Escritor. Penso que desde sempre fui motivada pela escrita pois desde que me conheço que escrevo. Lembro-me de inventar sílabas e palavras, lembro-me de criar músicas ainda sem saber escrever. Eu ouvia os outros cantarem e depois inventava as minhas próprias músicas inclusive com refrões. Os meus pais e amigos ficavam perplexos. Quando entrei para a escola primária, não ia aborrecida, pelo contrário ia feliz porque sabia que iria aprender a escrever para pôr por escrito as músicas e as letras que inventava. Tive uma ótima professora primária que percebeu desde logo que eu era uma pessoa muito dedicada e um dia chamou os meus pais para irem falar com ela. Quando cheguei a casa, os meus pais estavam muito emocionados pois a professora tinha-os informado que eu escrevia de uma forma fora do comum. Portanto, aos sete anos eu comecei a redigir o que antes fazia oralmente. Penso que escrevo desde sempre e o que me motivou foi com certeza o facto de eu sentir necessidade de o fazer. O meu contacto com a música e com a dança iniciou-se muito cedo. O meu pai era convidado para cantar fado em festas e eu comovia-me ao aouví-lo cantar. Na minha casa sempre existiram livros e, aos dez anos, já tinha devorado a pequena biblioteca do meu pai. Nos intervalos da escola, enquanto os meus colegas se divertiam a brincar no recreio, eu lia. Tudo me servia para ler. Lembro-me de nessa altura já ser muito crítica nas minhas leituras. Aos doze anos tinha cadernos cheios de poemas e um romance escrito. Tenho pena que com as várias mudanças de casa eu lhes tenha perdido o rasto. Tudo isto para explicar que o que me motivou a escrever foi o facto de eu ver na criatividade uma forma de estar na vida. Sem escrever eu sentia-me vazia. Inconscientemente, eu fazia-o sem que fosse obrigada a isso. Quer eu estivesse na escola, numa festa, num jantar, de repente, era assaltada por uma ideia e registava-a num pequeno caderno, ou se este não estivesse à mão, decorava-a e ao chegar a casa colocava-a por escrito. Não se tratava de um escape mas sim de algo que me definia. E esta sensação de definição sempre me acompanhou. Nada sou quando não escrevo. Se não escrevo, é porque uma parte de mim não vive e eu preciso de escrever para me sentir viva e equilibrada. Quando era adolescente enviei os meus poemas para um concurso literário, da Société des Poètes et Artistes de France e fiquei muito surpreendida quando fui premiada. Posteriormente ganhei mais alguns prémios nessa área.

 

SMC - Como foi a construção do seu romance Lírios da Vida?

Adnilo Lotus - Foi uma construção morosa. Demorei cinco anos a desenvolver o livro. Durante dois anos, vesti a pele de Olavo, a personagem principal. Acordava e deitava-me a pensar nele. Nas suas características físicas e psicológicas. Na família pela qual ele nutria uma grande admiração e também um sentimento de culpa por entender que nem sempre foi honesto. Demorei tanto tempo a terminar o livro porque algumas vezes suspendia a escrita. Quando acabei a obra, em  2008, submeti-a ao concurso literário da editora Papiro, tendo ganhado o prémio na categoria de romance.

 

SMC - Ao escrever Lírios da Vida, você já pensava em escrever “mar desfeito”?

Adnilo Lotus - Não. De todo. A publicação dos Lírios da Vida foi em 2008, mas, o livro foi escrito uns anos antes. O mar desfeito foi escrito entre 2005 e 2008.

 

SMC - Como foi a escolha do Título “ Mar Desfeito”?

Adnilo Lotus - A escolha do título deve-se ao facto de a narrativa se passar junto ao mar. A personagem principal nasceu e vive à beira mar e o seu confidente foi sempre o mar. Era no mar que Marta encontrava o auxílio de que necessitava. Quando tudo sai fora do controlo de Marta, até o seu fiel e terno amigo parece virar-lhe costas e perder a beleza de outrora. Parece desfeito, à semelhança da sua vida que não passa de um eterno e imenso mar desfeito. Por todas estas razões eu escolhi este título.

 

SMC - Escritora Adnilo, você estará lançando agora, pela Editora Modocromia, o seu livro “Cellos Transparentes”,  qual a ligação desta obra com  a música?

Adnilo Lotus - A música é uma constante no livro. O facto de uma das personagens ser música faz com que toda a narrativa seja permeada pelas propriedades do violoncelo e feita através de uma prosa embriegada de poesia. A poesia é uma constante. Aliás, eu defendo que um bom livro deve ter uma forte componente poética. A poesia deve andar de braço dado com a prosa e ambas são capazes de transmitir as sensações e as melodias mais belas ao ponto de o leitor ficar extasiado.

 

SMC - Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de “Cellos Transparentes”?

Adnilo Lotus - A mensagem que pretendo transmitir é que devemos estar atentos aos gestos e às atitudes dos outros. Um simples olhar pode influenciar o nosso comportamento. Os olhos são autênticos espelhos e, por isso, muito nos podem revelar. Não devemos julgar as pessoas à toa. Há sempre um lado bom e um lado mau e, por vezes, o lado mau pode sobrepor-se ao bom. A vida é a soma de todos os equílibrios e quando estamos recorrentemente a ser infelizes e maltratados isso pode ter repercussões muito negativas e, direi mesmo, nefastas. Tudo na vida é uma questão de equílibrio. O passado tem uma grande influência sobre o presente e o futuro e, se esse passado for trágico, pode trazer conseguências muito negativas. Tentemos viver com o mínimo de qualidade de vida. Deste modo, conseguiremos ter mais sucesso no presente e no futuro.

 

SMC - A quem você indica a leitura desta obra?

Adnilo Lotus - Esta obra é bastante abrangente e a sua leitura é adequada para jovens e adultos. A trama e o conteúdo não são adequados a crianças, mas de resto, recomendo o livro a quem gostar de uma leitura densa e rica, com uma marcada carga emocional.

 

SMC - Já temos uma data prevista para o lançamento?

Adnilo Lotus - O lançamento será no dia 26 de setembro, no Forum Mira, no Porto, uma galeria que divulga não somente escritores mas igualmente artistas como fotógrafos, pintores, cineastas ou seja a cultura em geral. 

 

SMC - Onde podemos comprar os seus livros?

Adnilo Lotus - Os meus livros “Lírios da Vida” e “mar desfeito” podem ser comprados na Fnac e o livro Cellos Transparentes pode ser aquirido na livraria Bertrand, na Livraria Barata, ou na editora Modocromia, https://editoramodocromia.blogspot.pt  

 

SMC - Como você vê o mercado literário em Portugal?

Adnilo Lotus - O mercado nacional, dada a dimensão do país, é reduzido. A divulgação de obras literárias raramente consegue atingir uma escala satisfatória que só é conseguida por um pequeno grupo de pessoas. Penso que os apoios à literatura são escassos e isso impede a consagração de autores e o nascimento de novos escritores. Claro está que estou a falar de obras literárias.

 

SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritora Adnilo Lotus Carmin, que mensagem você deixa para nossos leitores?

Adnilo Lotus - A escrita é uma arte que nos enche a alma. Podemos criar personagens, dar-lhes vida, moldá-las e tudo isso se passa no nosso imaginário. Aos leitores recomendo que leiam o mais que puderem, pois a leitura, para além de ser um ato lúdico, é instrutiva e ajuda-nos a conhecer coisas, lugares e emoções. O facto de a língua portuguesa estar espalhada por todo o mundo é favorável à divulgação de autores lusófonos. Finalizando, incito os leitores a não desistirem dos seus sonhos.

 

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