Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Sandra Boveto (1969) reside em Maringá, no norte do Paraná. É casada e mãe de um menino de oito anos. Graduada em Letras e Direito, pela Universidade Estadual de Maringá, exerce o cargo de auditor-fiscal da Receita Federal desde 2006. Sem abandonar sua atividade principal, permitiu que a escrita tomasse um espaço expressivo e indeclinável em sua vida a partir de 2015, quando concluiu o original de seu primeiro livro solo: «O Mundo Exclamante», uma obra infantojuvenil, cujo personagem principal é inspirado em seu filho. Até então, escrever era uma paixão descompromissada, um modo de organizar sentimentos e reflexões. A escritora possui também vários contos publicados em antologias no Brasil e em Portugal.
“Acredito que a linguagem a ser utilizada seja o principal desafio.
Criar uma história capaz de cativar uma criança depende muito do lado criança que ainda mora dentro de nós, das nossas lembranças e experiências.”
Boa Leitura!
Escritora Sandra Boveto, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que mais a encanta na literatura infantil.
Sandra Boveto - O prazer é meu, por receber uma oportunidade tão especial quanto essa.
Bem, a literatura infantil talvez seja a forma mais saudável, criativa e instigadora com que uma criança toma conhecimento do mundo. É pela prática da leitura que a criança melhor desenvolve a linguagem, aprimora a escrita e solidifica o processo de alfabetização. Não digo isso com conhecimento técnico, pois, apesar da minha formação em Letras, nunca estive inserida na área pedagógica. Mas tenho a experiência de mãe e as sensações que a memória me traz, em relação à minha própria infância.
O mundo da literatura é encantador em todas as idades, mas é especial quando você pensa na infância, ou mesmo na adolescência, períodos em que os alicerces do conhecimento, da cultura e da própria vida são edificados. A literatura abre horizontes, estimula novas sinapses e revela, além do nosso próprio universo, infinitas possibilidades de mundos “exclamantes”.
Em que momento pensou em escrever o seu livro «O Mundo Exclamante»?
Sandra Boveto - Meu filho, Felipe, inspirou-me não apenas quanto ao personagem principal, mas também a escrever o próprio livro. Aos seis anos de idade, ele me perguntou: “Mamãe, se você pudesse ter outra profissão, qual você gostaria de ter?”. Respondi a ele que gostaria de ser escritora. Diante da minha resposta, ele me pediu que, então, escrevesse um livro para ele. No mesmo dia, comecei a esboçar «O Mundo Exclamante».
Eu costumava anotar fatos a respeito do Felipe desde que ele era um bebê. Então, pensei em transferir um pouco do meu encantamento pelo meu filho para o personagem principal do livro. Isso aconteceu no final de 2014. Eu quase concluí o livro em poucos dias, mas, devido a uma mudança de cidade e a outros detalhes pessoais, finalizei o original apenas em meados de 2015, sendo possível a sua publicação somente agora, em 2016.
Conte-nos um pouco sobre o livro.
Sandra Boveto - «O Mundo Exclamante» conta a história de Felipower, um garotinho muito especial, que se surpreende ao acordar em um mundo diferente de tudo o que ele já conhecia. Nesse novo universo, de cores, formas e sensações novas, Felipower encontra companheiros peculiares que o ajudam a desvendar esse novo mundo. A aventura desse garotinho o conduz a um aprendizado profundo e determinante para a maneira como ele enxergará o seu próprio mundo e cada ser vivo do planeta.
O que se pretende com essa história, além de envolver os pequenos num curioso universo, é transmitir algumas reflexões tais como: o benefício de se observar e respeitar as diferenças entre as pessoas, diferenças essas desvinculadas da imagem do corpo; que cada ser humano, com suas características boas ou ruins, é, ao mesmo tempo, aprendiz e fonte de aprendizado; demonstrar que, dentro de nós mesmos, podemos encontrar respostas sobre como lidar com o nosso mundo; e que todos somos partes de um todo, de uma vida que vai além de nós mesmos, e que temos a missão de tornar esse todo melhor.
Quais os principais desafios ao escrever para o público infantil?
Sandra Boveto - Acredito que a linguagem a ser utilizada seja o principal desafio.
Criar uma história capaz de cativar uma criança depende muito do lado criança que ainda mora dentro de nós, das nossas lembranças e experiências. Quem tem o prazer de ter pequenos por perto (filhos, sobrinhos, alunos, por exemplo), também tem uma boa fonte de criatividade.
Mas, como escrever de forma a sensibilizar os pequenos e a transmitir a mensagem pretendida?
Sandra Boveto - Nossa maturidade nos afasta da linguagem infantil, do raciocínio infantil; dificulta que nos coloquemos do lado desse leitor especial, de forma a perceber como nossa história será realmente compreendida. Há a necessidade de passar a mensagem de forma clara e atraente a todo leitor, mas quando se trata de uma criança, esse cuidado deve ainda ser maior. Porém, acredito que não podemos subestimar uma criança, não podemos usar uma linguagem que não a estimule a querer desenvolver sua própria linguagem, a aprender novas palavras, a buscar novos conhecimentos. Então, o grande desafio é justamente esse equilíbrio entre ser claro e interessante o suficiente, sem menosprezar a capacidade do pequeno leitor.
Como foi a escolha do nome dos principais personagens que fazem parte do enredo que compõe a obra?
Sandra Boveto - O nome singular do personagem principal, Felipower, originou-se de um jogo – uma brincadeira que criamos em casa – na forma de um quadro de incentivos para o Felipe. Houve o Felipower 1.0, o Felipower 2.0 e, assim, sucessivamente. O uso da expressão “power” deve-se a uma gíria que Felipe, por volta dos quatro anos, ouvia de um amigo mais velho, e que lhe chamava muito a atenção: “Isso é power!” – dizia o amigo. Felipe apelidou o amigo de “tio Power”. Devido ao notório significado dessa palavra, pareceu adequado e sonoro juntá-la ao nome Felipe para incentivá-lo ainda mais na nossa brincadeira. E, como consequência, surgiu o nome do personagem principal deste livro.
Os nomes dos demais personagens seguem essa ideia de unir um significado ao radical “Felip”. Há vários Felip(s) ao longo da história: Feliperdido, Feliperto, Feliporquê, Felipensante... E há também a Maria, cujo nome foi inspirado também nas ideias do Felipe. Ele costumava dizer, entre os 4 e 5 anos, que o nome da esposa dele no futuro seria Maria.
O que a escrita significa para você?
Sandra Boveto - A escrita tem sido uma das experiências mais gratificantes da minha vida. O ato de escrever, em si, já é um prazer indescritível, independentemente do destino que um escrito meu terá. É uma forma de me traduzir em palavras, traduzir a forma como eu vejo o mundo, e também criar novos mundos, dando-lhes a forma que eu desejar. Eu sinto paz enquanto escrevo. Os pensamentos, as ideias, os sentimentos parecem fazer mais sentido quando tomam a forma de palavras escritas.
A escrita é, para mim, o mais claro exemplo da felicidade que está na viagem e não no destino. Fazendo uma inusitada analogia com o Direito Penal, a escrita seria equivalente a um crime formal, cuja tipicidade independe do resultado material do crime (rsss).
Eu sinto uma profunda satisfação ao me entregar ao ato de escrever, com uma alegria que independe do resultado ou da avaliação do produto da minha escrita. Então, nem preciso dizer a felicidade que sinto quando há, de fato, um resultado. É um sentimento extraordinário ver um texto meu publicado ou receber elogios ou comentários sobre algo que escrevi.
Onde podemos comprar o seu livro?
Sandra Boveto - Abaixo, relaciono os links diretos para compra do livro:
https://www.martinsfontespaulista.com.br/mundo-exclamante-o-527294.aspx/p
https://www.ciadoslivros.com.br/mundo-exclamante-o-736971-p612300
Ainda tenho alguns exemplares para venda direta comigo também. Aos que tiverem interesse, poderão entrar em contato por mensagem particular, por meio da minha página no facebook.
Quais os principais hobbies da escritora Sandra Boveto?
Sandra Boveto - Há inúmeros passatempos que me agradam demais. Mas, como a vida tem essa mania de se dividir em partes de apenas 24 horas, tenho que escolher um aqui, outro ali. Entre os meus hobbies prediletos, além da leitura, obviamente, estão a dança do ventre, filmes, séries de televisão e montar objetos com lego, na companhia do meu filho e do meu marido.
Quais os seus principais objetivos como escritora?
Sandra Boveto - Meu objetivo maior é aprimorar e amadurecer cada vez mais a minha escrita e, assim, ser capaz de transformar um texto meu em uma companhia especial e desejada pelo leitor.
No caminho desse aprimoramento, pretendo continuar com a participação em antologias e concursos literários, pois, além de me manterem em constante e ativo contato com esse universo, permitem que eu exercite a escrita nos mais variados estilos e temas. E acrescento que, por meio das antologias, posso ir além da escrita e da publicação, criando laços de amizade SUI GENERIS, expressão escolhida a dedo aqui, como reconhecimento e homenagem ao meu querido amigo Isidro Sousa (COLECÇÃO SUI GENERIS), um escritor e antologista de admirável talento e competência.
Como escritora pretendo, ainda, na medida do que me for possível, investir em um livro solo (mais de um, se possível), direcionado também ao público juvenil/adulto, para o qual já tenho alguns esboços. Porém, para essa meta precisarei de paciência, considerando o fato de ainda não poder dedicar minha vida profissional exclusivamente à escrita.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a autora Sandra Boveto. Agradecemos a sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Sandra Boveto - Em primeiro lugar, quero recomendar que experimentem essa curiosa viagem ao Mundo Exclamante, na companhia do adorável Felipower e que, depois, dediquem um minutinho para registrar suas impressões sobre essa aventura na minha página do Facebook. É muito importante para qualquer autor, especialmente os que ainda não definiram seu espaço no meio literário, receber um feedback sobre seu trabalho.
Na minha página, há outros escritos e registros que revelam um pouco mais do meu trabalho. Alguns contos também já estão disponíveis na plataforma Wattpad.
Aos leitores em geral, devo ainda dizer que a sua missão é manter acesa a chama literária. Leiam muito e fomentem essa prática nas crianças de seu círculo. A leitura é um estímulo essencial à escrita, sob qualquer ângulo – seja do leitor, cujo interesse e capacidade de crítica incentivam e aprimoram os escritores; seja do ângulo do próprio escritor, que encontra nos livros um valioso instrumento para enriquecer a sua escrita.
Por fim, agradeço à Revista Divulga Escritor por oferecer esse valoroso espaço de incentivo e divulgação.
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