A Cabana
Foi com ventos enchendo as velas
Que demos um dia a esta praia
Estendida a nossos pés
Onde erguemos a nossa cabana
Onde ousámos dar asas aos nossos sonhos
E voámos com eles
E desbravámos veredas
Fizemos vista grossa aos perigos
Do precipício inventámos passagem
Fomos Deuses
Senhores do lago e da bruma
Donos dos céus e das marés
Trilhámos percursos onde havia apenas areia
Deixámos marcadas as nossas pegadas
E apagámo-las sem medo de reescrever a nossa história
E foi assim
Divinal
Perfeito
E assim foi
Até descermos à terra
Até sermos vergados à nossa condição humana
Onde a dúvida se instala
Onde se adia para amanhã o futuro
Onde tudo se adia
E o amanhã que se anseia não chega
E o amanhã que chega é outro
E nesse amanhã que chega
A flor do nosso Amor
De tanto esperar quase secou
Mas a flor resistiu por ti
Mas a flor resistiu graças a ti
Tu que nunca desististe do teu sonho
De um Amor e uma Cabana
E como Mulher precavida foste conservando a Cabana de pé
E mantiveste o fogo dos Amantes aceso
Queimando com o que podias queimar
Certa que o meu caminho de Ida
Teria sempre Volta
Num regresso inevitável até Ti
Copyright © 2016 Alves dos Santos
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