A Cela
Os sentidos voltaram aos poucos. Olhei para as mãos e estranhei. Achei-as pálidas. Pareciam feitas de cera. Pus-me em pé e foi quando me dei conta de que estava numa cela. Paredes bege, encimadas por um teto branco flutuante. Luzes vinham de alguma fonte externa, rebatiam para o interior da cela, pobremente iluminando-a. Era possível ouvir vozes. Ecos distantes misturavam-se criando um som único, triste.
Imaginei uma forma de sair dali. Analisei as possibilidades de fuga. Saltei na inútil esperança de alcançar o topo da parede. Não havia objeto algum que pudesse servir de apoio para uma escalada. Sobreveio o desespero. Vez ou outra, o ruído do meio externo, bem como as vozes, aproximavam-se e distanciavam-se. Receei descobrir quem seriam os algozes que me aprisionaram de tal maneira injusta e fria.
Esforcei-me para lembrar de como fui parar ali. Não consegui. Seria eu um criminoso? Quem sabe um terrível assassino, um psicopata, que mereceria apodrecer na solitária pelo resto da vida?
Cheguei a criar várias hipóteses que justificassem minha condição. Nem percebi o tempo passar. O exercício mental e a opressão da angústia exigiam demais de mim. Estava fraco, confuso. Finalmente, adormeci.
Parecia contraditório que, diante de tal situação, mergulharia num sono profundo. Mas foi o que aconteceu. Estremunhei ao som de um baque surdo. Ainda com a mente enuviada, direcionei o olhar para o meu lado esquerdo. Sobressaltei ao ver duas figuras, um casal. A moça, loira, de olhos verde-esmeralda cintilantes, parecia confusa. O rapaz, moreno, forte e alto, vestido como um soldado, encontrava-se na mesma condição. Foi quando notei uma coisa: A mesma estranheza que tive ao ver minhas mãos, tive em relação a eles. Seus rostos...
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