A CHUVA
É noite, eu, no leito, ao me recolher,
Rezo a Deus e agradeço, por inteiro.
Por seu amor, mais um dia pude viver.
E em paz, afago o meu travesseiro.
Do meu quarto, onde está o meu sagrado,
Ouço a chuva, lá fora, o chão acariciando.
Ela é insistente, bate de leve, no telhado.
E eu sinto o cheiro, das telhas se molhando.
A chuva atrita a pedra do meu quintal,
É, para mim, uma longa e bela serenata.
Os sons são diversos, numa sinfonia celestial.
À luz da rua refletem os pingos cor de prata
Céu que cai na terra em pingos de luz brilhante,
Que se esparramam como a entoar um hino.
É Deus que ouço, pois o meu Deus é cantante.
Canta ninando o mundo pequenino.
A minha irmã chuva molha, dá vida e esperança.
Ação divina a lavar e purificar a humanidade.
Também minha alma deseja, nesta divina dança,
Ser plena, santa, viva de amor, de paz e de verdade.