A D O R C R U E L
Vi a dor cruel
rasgando as entranhas
do meu amigo Chico,
vi o brilho morto
de seu olhar distante,
perdido no baú das desilusões.
“Minha Pombinha”
assim ele a chamava;
chamava a sua Claudia,
a esposa, a companheira,
confidente, amiga,
protetora, sábia;
a cumplicidade entre os dois
permeava uma vida nobre
de entendimento, de postura,
e confiabilidade.
Os dois sorviam
da mesma água de vivência
em comum, para saciar
a mesma sede de vida,
de louvor a Deus,
convalescendo
cada mazela diária,
curando as raízes
dos pensamentos
profanos,
na liturgia da cura
espiritual,
alimentada
pela fé.
Fé no invisível,
na crença do divino,
fé na força de cada um;
no espírito forjado dia a dia.
na procura de novas verdades,
antes do anoitecer dos tempos.
.
Chico está sofrendo
a ausência de sua
segunda pele,
de seu primeiro amor,
de seu sonho harmonioso,
seu riso espontâneo
sua razão existencial.
Ele apenas espera
o reencontro glorioso
no espaço sideral,
na nuvem dos anjos,
nas asas da felicidade eterna,
encontrada na vida após vida.
Chico quer,
Chico vai
novamente
encontrar-se
com seu
único amor.
Boa viagem
meu amigo
unam-se
dois em um
pelo restinho
da eternidade.
.
Anchieta Antunes
Dezembro – 15/2014.