A Espera
Em que momento a espera se torna um fim?
Sinto chegar esse momento
Como se fosse um perdigueiro
Todo o meu corpo me alerta para a sua chegada
Cada um dos meus sentidos
Desvairadamente me desperta
Numa confusão de sinais que não cessam
Eis o momento em que a espera se torna fim
Em que a madrugada desperta a consciência
Para uma espera que foi em vão
E agora está tudo perdido
O grande apogeu já se deu
E dele ninguém se apercebeu
A grande devastação que eu temia
Revelou-se um longo e penoso deserto
Afinal está tudo consumado
E o que era para ser nunca aconteceu
E estranhamente suporto essa desilusão
Com uma notável indiferença
Resignado por me ter sido reservada
Uma existência banal
Aliviado por ser apenas mais um
Aliviado por me sentir livre
De um destino que julgava exclusivo
E foi então
Quando julgava que a minha história
Nada tinha de singular
Que tu surgiste
Disposta a alterar sinas
Pronta para dissipar dúvidas
Capaz de fazer acreditar
Foste então Esconderijo, Abrigo e Lar
E então percebi
E nesse momento tudo fez sentido
E nesse momento chegou então o Fim
Onde verdadeiramente não havia mais espera