A Espera - por Alves dos Santos

A Espera - por Alves dos Santos

A Espera

 

Em que momento a espera se torna um fim?

 

Sinto chegar esse momento

Como se fosse um perdigueiro

Todo o meu corpo me alerta para a sua chegada

Cada um dos meus sentidos

Desvairadamente me desperta

Numa confusão de sinais que não cessam

 

Eis o momento em que a espera se torna fim

Em que a madrugada desperta a consciência

Para uma espera que foi em vão

E agora está tudo perdido

 

O grande apogeu já se deu

E dele ninguém se apercebeu

 

A grande devastação que eu temia

Revelou-se um longo e penoso deserto

 

Afinal está tudo consumado

E o que era para ser nunca aconteceu

 

E estranhamente suporto essa desilusão

Com uma notável indiferença

Resignado por me ter sido reservada

Uma existência banal

Aliviado por ser apenas mais um

Aliviado por me sentir livre

De um destino que julgava exclusivo

 

E foi então

Quando julgava que a minha história

Nada tinha de singular

Que tu surgiste

Disposta a alterar sinas

Pronta para dissipar dúvidas

Capaz de fazer acreditar

Foste então Esconderijo, Abrigo e Lar

 

E então percebi

E nesse momento tudo fez sentido

E nesse momento chegou então o Fim

Onde verdadeiramente não havia mais espera

 

 

 

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