A História de Nós Dois - por Adriana Freitas

A História de Nós Dois

 

Primeiro éramos bons amigos, nada mais que isso. Até apresentei amigas a ele, nada aconteceu. Depois começamos a nos olhar diferente, mas sem compromisso, apenas amigos que se curtiam. Momentos complicados. Eu falei que estava apaixonada. Ele respondeu que não podia me dar nada, a não ser sua amizade. Era a única certeza que ele podia me dar. Nada mais que amizade, e isso era tudo. Desencontramo-nos. Ele mentia pra mim. Fugi dele e jurei a mim mesmo que não o veria mais. Meses se passaram. Reencontramo-nos. Ele havia ficado com um livro meu, só por isso eu liguei. Percebi um desânimo em sua voz a constatar que realmente eu havia ligado pra cobrar meu livro, fiquei indiferente. Marcamos e nos encontramos, eu queria meu livro de volta, ele apareceu sem nada nas mãos, ele estava diferente, tinha cortado o cabelo, conversamos rápido, ele me disse que estava mais bonita e nos despedimos. Uma semana depois, ele me ligou me convidando para ir ao cinema, eu aceitei na hora, esquecendo completamente da promessa que tinha feito meses atrás. Ainda me lembro do filme, ”Star Wars 2” nem era o meu preferido, só fui pela companhia. Nessa noite foi só o filme, eu estava cansada, queria ir pra casa. Dois dias após o cinema, ele me ligou, disse que estava pensando em mim, e me convidou pra jantar, novamente eu digo sim. Ele disse que eu estava diferente, que tinha mudado pra melhor. Parecia que tínhamos voltado. Dessa vez foi melhor. Até me apresentou aos seus amigos. Foram meses ótimos. Até voltar a ser ruim. Eu pensava que antes não tinha dado certo por culpa minha. Mas de novo o peguei mentindo. Se fossemos pra sermos amigos que se curtiam, se éramos livres para outras amizades, por que a mentira? Chamo-o pra conversar e peço pra terminar com aquilo, eu não queria mais. Ele respondeu que não estávamos terminando nada, nem havíamos começado. Eu simplesmente pedi para ele não me ligar mais, eu não iria mais sair com ele. Ele me deu um beijo no rosto e foi embora. Fiquei triste, mas não chorei. Meses se passaram. Dessa vez o tempo foi maior. E não por coincidência (estudávamos no mesmo lugar) nos reencontramos. Ele me chamou pra sair, pela primeira vez digo não. Ele não desiste, chama outras vezes. Até o dia que eu resolvi almoçar com ele, dessa vez ele quem me dá o bolo. Passamos dias sem nos falar. Encontramo-nos na faculdade, ele é simpático comigo, oferece uma carona e eu sou grosseira com ele. Eu me arrependi, horas depois pedi desculpas, ele me respondeu dizendo que não havia ligado e me dá um beijo na boca e eu vou embora na mesma hora. Almocei com ele vezes depois, mas realmente como amiga, fui firme, apesar de nos beijarmos nas despedidas. Um dia ele me perguntou sobre o nosso caso mal resolvido, eu falei que já está bem resolvido. Ele respondeu dizendo que não havia entendido. Eu enrolei e não soube dizer que estava bom ficarmos separados. Nessa brincadeira passou-se um mês. Até o dia que falei pra mim mesmo que seria só dessa vez. Dessa vez teve outras vezes. Dessa vez falei que não queria que fosse como antes. Dessa vez ele disse que seria diferente. Foi quando deixei de ser sua amiga e passei a ser sua namorada. Tivemos problemas, claro, como todo casal. Quase que nos separamos. Cheguei a escrever uma carta que nunca entreguei. Nesse tempo amadurecemos e aprendemos muito. Essa vida é imprevisível. Eu não sou boa de promessas e ele não é bom de certezas. E hoje ele me pede em casamento. E eu respondo sim.

 

 

 

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