A Lendária Etiópia:
A Casa de Salomão e da Rainha de Sabá
As Raízes da Coroa Imperial da Etiópia, em exílio.
Em apêndice, Textos selecionados de Direito Dinástico
Extratos
Transcorria em aparente calma o ano de 1960, no Brasil. O presidente Juscelino Kubitschek colhia os louros da transferência da capital federal para Brasília sob seu comando, e não eram aparentes, então, os indícios da erupção política latente, como vulcão em preaquecimento, prenunciando os anos sombrios que se avizinhavam.
Mas naquele 12 de dezembro, tudo era curiosidade e admiração. Desembarcando em Recife, em aeronave da Ethiopian Airlines, acabava de pisar em solo pátrio nada menos que a lendária figura de Sua Majestade Imperial Hailé Selassié I, o Eleito de Deus, Leão de Judá, Reis dos Reis, em amárico, o Negusta Negest ze ethiopia, seu título oficial como Imperador da Etiópia.
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Registramos que a visita do imperador foi interrompida pela notícia de um golpe de Estado, ocorrido em seu país, com o objetivo claro de destroná-lo e substituí-lo por seu filho Asfa Wossen[1]. Em realidade, a “substituição” foi um pretexto para a tentativa de implantação de uma ditadura marxista.
O “Leão de Judá” regressou ao seu país na madrugada de 15 de dezembro, apenas três dias após sua chegada. Felizmente, na Etiópia de então, o imperador desfrutava de grande prestígio pessoal, aliado ao respeito de seus súditos e de grande parte das Forças Armadas, sendo o golpe debelado rapidamente, e o venerando imperador reassumiu suas funções. Selassié reinou até 1974, quando uma perniciosa, porém eficaz manobra depôs o monarca e implantou de vez uma sangrenta ditadura militar da qual até hoje o país luta, desesperadamente, para superar seus malefícios.
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Neste trabalho não emitiremos juízos de valor sobre esses eventos históricos: limitamo-nos a registrá-los, e a comentar seus efeitos e a responsabilidade dos novos “chefes”, objetivamente considerada, em face da desolação atual daquele valente povo. Excluída assim a análise política restou, como material de estudo à nossa síntese jurídico-histórica, breves incursões aos primórdios da história do lendário povo etíope, a descrição dos liames desde a não menos lendária Rainha de Sabá, seu idílio com o rei Salomão de Israel, passagens bíblicas pertinentes, a saga da última dinastia reinante, a continuação desta em exílio e seus representantes atuais.
Permitimo-nos, também, comentários técnico-jurídicos, à luz do Direito Nobiliário moderno, sobre as qualidades soberanas e os Direitos dinásticos que sobreviveram em seus remanescentes, alicerçando as raízes da Coroa Imperial da Etiópia, atualmente em exílio dinástico.
Os estudos jurídico-dinásticos que compõe o Livro II foram inspirados como homenagem ao ilustre Professor Doutor Waldemar Baroni Santos, primus inter pares, nosso Mestre e Amigo.
Boa leitura!
[1] Futuro Amra Selassié I, coroado em exílio, após a deposição do imperador Hailè Selassié I, em 1974.
Publicado em 07/03/2014