A Rosa dos Ventos
Deixa-me ficar no refúgio dos teus braços
Sossega por mais um instante
Na escala temporal será um nada
Que passará num ápice
Mas para mim significará o tempo de uma vida completa
Entre renascer no teu abraço e morrer assim que ele se desfaz
E assim vou medindo a minha vida
Como o somatório desses instantes
Sempre ansiados, sempre perfeitos, sempre efémeros
Deixa-me perder na volúpia dos teus beijos
Que me mergulham num mar de desejo
Que atiças e refreias a teu belo prazer
Reflexo das tuas marés de dúvidas existenciais
Que num instante te fazem me procurar
Como se os meus lábios fossem fonte de vida eterna
Mas no instante seguinte te arrastam para longe de mim
Restando-me esperar por uma vaga mais forte de uma qualquer preia-mar
Que te devolva novamente até mim
Deixa perfumar-me com o teu cheiro
Deixa sem correrias a tua essência se impregnar na minha pele
Percamo-nos sem o receio de não mais nos encontrarmos
Exploremo-nos abdicando de marcas de segurança
Aventuremo-nos a viajar em nós
Largando as amarras de uma navegação de cabotagem
Afinal farão sentido quaisquer medos
Para quem encontrou o seu Norte?
Alves dos Santos em ‘Fragmentos do Quotidiano’
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