Abuso sexual a invisibilidade perpetrada contra crianças e adolescentes - por Fabiana Juvencio

Abuso sexual a invisibilidade perpetrada contra crianças e adolescentes - por Fabiana Juvencio

Abuso sexual a invisibilidade perpetrada contra crianças e adolescentes 

 

No vasto cardápio de vilezas que um ser humano é capaz de perpetrar contra semelhante, o abuso sexual de meninas e meninos é dos abjetos – em especial quando é cometido por familiares. Para nosso horror, essa é uma situação mais comum do que a imaginação ousa conceber. Estima-se que, no Brasil, a cada dia, 165 crianças ou adolescentes sejam vítimas de abuso sexual. A esmagadora maioria deles, dentro de seus lares.

         A violência por abuso sexual é mais difícil de ser identificada por não apresentar, na maioria dos casos, marcas físicas. Se aos profissionais envolvidos com a criança fosse possibilitado acesso à capacitação continuada, a identificação de vítimas possivelmente tornar-se-ia mais fácil. Não há, contudo, relatos na literatura brasileira que procurem levantar um perfil do professor no que se refere a suas concepções acerca

do abuso sexual. Considerando que a escola deve ter como objetivo garantir a qualidade de vida de sua clientela, bem como promover a cidadania, urge capacitar professores para enfrentarem a difícil questão do abuso sexual infantil. Entretanto, para delinear um programa que possa capacitar tais profissionais, parece ser necessário conhecer primeiramente qual o universo de informação que os professores detêm acerca dos conhecimentos básicos sobre o abuso sexual, a legislação que envolve o tema e os direitos da criança.

         O século XXI será marcado pelo desenvolvimento da ciência e por descobertas que envolverão a humanidade. Esses fatos têm chamado a atenção da população mundial e têm gerado grande curiosidade nas pessoas. Há inclusive uma pressão por parte dos pais que procuram as escolas que possuem laboratórios e tecnologia para a aprendizagem de seus filhos. Pois a tecnologia está se tornando, a cada dia, uma marca do séc. XXI.

         Por mais evidente que esteja a necessidade de a escola mudar a sua forma de atuar no aprendizado de seus alunos, há ainda instituições que acreditam que a melhor forma de os alunos aprenderem é através da transmissão de conhecimentos. Contudo, hoje, já se sabe que essa não garante que haja aprendizagem. O que tem ocorrido, na maioria das vezes, é a passividade, a geração de indisciplina, o confronto entre professor e aluno.

         Outro fator é o pretenso ganho de tempo, pois poupa aos alunos esforços pessoal. Como diz COMPAYRÉ (apud NOT, 1998, p.17) sobre o papel do professor: "(...) em alguns minutos, resume o conteúdo de um livro; extrai dele as noções essenciais; põe em evidência uma ciência acabada."

            A partir destas reflexões, parece-nos impossível pensar num contexto escolar globalizado, homogeneizado ou padronizado. O contexto e os alunos diferem nas suas crenças, valores, comportamentos, origem social e posição econômica. Por este motivo, o respeito a diferença entre os indivíduos é fundamental, especialmente na interação social que se consolidará na educação. O que ocorre, geralmente, é a negação das particularidades dos alunos, ou o silêncio ao diferente, insistindo-se numa uniformização dos indivíduos e da cultura escolar. Este processo parece similar ao monoculturalismo, conceito definido por Fleuri (2001, p. 69), ou seja, o processo em que todos os povos e grupos compartilham, em condições equivalentes, de uma cultura universal. O autor alerta que a imposição desta visão universalista e igualitária pode legitimar a dominação de um projeto civilizatório, que exclua ou subjugue as minorias culturais.

 

 

 

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