AFETIVIDADE: teoria da emoção e do caráter
FABIANA JUVÊNCIO AGUIAR DONATO
“As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para a construção de neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores”.
Cláudio Saltini
A afetividade humana encontra-se, para ele, entre as funções psicológicas superiores. E, nessa dinâmica, como aponta Molon (2003), não há um predomínio exclusivo de uma das funções, pois todas estão inter-relacionadas. Em determinados momentos, dependendo da demanda de cada situação, uma função emerge mais fortemente, estabelecendo uma hierarquia entre as funções. Essa hierarquia é, porém, circunstancial.
Wallon formulou uma teoria da afetividade definida como teoria da emoção e do caráter. A afetividade, para este autor, tem papel fundamental no desenvolvimento da personalidade, pois é o primeiro domínio funcional percorrido pela criança. O recém-nascido e a criança, no seu primeiro ano de vida, utilizam gestos e expressões carregadas de significados afetivos, anteriores à inteligência (WALLON, 1993). Conforme cita Almeida (1999, p.42), “a afetividade manifesta-se primitivamente no comportamento, nos gestos expressivos da criança”.
Só é possível compreender o pensamento humano quando se concebe e se compreende a sua base no aspecto afetivo volitivo. Vygotsky (1991, p. 57) defende a indivisibilidade entre as dimensões afetiva e cognitiva.
Piaget (1988) destaca a unidade entre afetividade e cognição, defendendo a necessidade de averiguar a interferência da afetividade em nossas ações cotidianas. Para ele os conhecimentos são construídos na interação entre emoção e razão, na medida em que defende a existência de uma relação direta entre o conhecimento e a afetividade.
Finalizando o diálogo
Entretanto, na maioria das vezes, o termo emoção encontra-se relacionado ao componente biológico do comportamento humano, referindo-se a uma agitação, uma reação de ordem física. Almeida (1999) destaca que “a afetividade e a inteligência, constituem um par inseparável na evolução, psíquica, pois ambas têm funções bem definidas e, quase integradas, que permitem o adolescente atingir níveis de evolução cada vez mais elevados”.
Percebeu-se também que o professor interfere positiva ou negativamente na formação de seu aluno, quando coloca em evidencia o seu potencial de aprendiz e fragiliza o vínculo estabelecido nas relações. Este pode decorrer do fato do docente não possuir formação emocional e afetiva, levando à maior freqüência das falhas do que os acertos. A falta da valorização da docência também reflete na autoestima.
A afetividade no ambiente escolar é uma séria preocupação para os alunos, onde se faz necessário reconhecer em seu educando um individuo com autonomia, com experiência de vida oposta, com direito a escolhas diferentes ao do professor.
Em suma: como atitude social moderna, de uma sociedade em notória crise, a ciência irrompe em contradições e desarticulação; e o conhecimento que se emprega e se difunde como base da educação forma e desenvolve indivíduos que têm sido, ao mesmo tempo, contraditórios e desarticulados.
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