“Água mole, pedra dura, tanto bate/escorre até que acaba…”.
Original: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.
Água e pedra representam duas naturezas opostas. Enquanto a primeira é líquida e maleável, a última é compacta ou sólida. Há quem os utilize como símbolos do amor e a justiça – dois princípios básicos do caráter divino, princípios esses que igualmente deveriam nortear o comportamento dos seres humanos. Aplicados em dosagens iguais, trariam igualdade e balanço social. Amor excessivo, sem qualquer resquício de justiça, deixaria de ser amor e assumiria os ares da paixão. Da mesma forma, a justiça pura e simples – alienada do amor, escambaria para a ditadura intolerante. É o amálgama equilibrado desses dois elementos que traria a paz.
Há quem diga que em caso de erro prefeririam errar pelo amor a justiça. Outros alegam que tomariam o partido da justiça, pois estariam errando pela verdade. Vale, no entanto lembrar, que não há erro no amor e nem verdade na injustiça.
Já que respiramos competição, em caso de uma disputa direta, quem sairia vencedor: água ou pedra, amor ou justiça? Sabemos que o amor seria um dos últimos sentimentos a se extinguir e, em caso de extinção tornaria intolerável a própria existência. O mesmo ocorre com a água. Podemos passar sem pedras, mas sem água, impossível!
Como já sentimos os sintomas da falta desses elementos essenciais em nosso meio, vale a pena soar o alarme: Na tentativa de furar a pedra, não esgote todo o suplemento de água existente. De tanto bater ou escorrer, um dia ela pode acabar!
[Do livro “PROVESSAS: Provérbios Populares às Avessas – Uma abordagem Filosófica, Satírica, Crítica e Cômica” © 2014 De Ruby Redstone. rubyredstone1@hotmail.com]
Publicado em 17/02/2014