Por Giuliano de Méroe
Sou redator publicitário. Trabalhei em agências por mais de dez anos até que resolvi sair e buscar outros caminhos. Sigo escrevendo publicidade, mas como freelance. Ganho menos grana mas tenho mais tempo para me dedicar a escrita literária. A conta anda fechando, mesmo que no limite do cobre, mas tem valido a pena. Tenho me aventurado entre roteiros de TV e Cinema e estou envolvido em alguns projetos. Quem sabe em breve não estarei divulgado um filme ou uma série que escrevi? Ou, o sonho dos sonhos, adaptar um livro meu para a tela? Sou também o criador do Projeto Conto com a Diretoria no qual convido publicitários, ilustradores, grafiteiros, tatuadores e outros profissionais gráficos para criarem uma capa para um conto que escrevo. Desse projeto nasceu o Fast Read, minicontos com até 150 palavras, ideal para os fans da leitura rápida facebookiana. Enfim, gosto de contar histórias e é o que faço com a maior parte do meu tempo.
“Se você que está lendo e é um artista gráfico, mande-me um e-mail que eu te mando um conto ou miniconto pra você criar a capa. E é assim que funciona o Projeto: eu mando o texto, o artista manda a capa.”
Boa Leitura!
Divulga Escritor - Prezado Escritor Alexei José, é um prazer contarmos com sua participação no Projeto Divulga Escritor. Seus três livros são um grifo sobre o dia-a-dia das pessoas, em tramas muito diferentes. Alguma circunstância ou clima de sua vida influiu e/ou influi, no estilo da sua prosa?
Alexei José - Sem dúvida. Não só nas histórias que conto como na forma que escrevo. Certa vez, uma amiga me disse que quando lia um texto meu parecia que me ouvia falar. Isso é legal por um lado, esse lance de ter uma escrita própria, totalmente sua. Por outro lado, pintou um receio de que alguém que não me conhecesse pessoalmente poderia não gostar de meus textos. Mas felizmente isso não aconteceu. Geralmente, as pessoas gostam, e se divertem, com minhas histórias.
Divulga Escritor - Pode nos contar como é o ‘Alexandre’, personagem do seu livro “Diário do ex-fumante”? Você se identifica com ele?
Alexei José - Na primeira edição do Diário do Ex-Fumante, não havia Alexandre. O nome do protagonista era Alexei e não por coincidência. Nesta segunda edição, acrescentei novas histórias e experiências de pessoas que conheço e também pararam de fumar. Como a maioria desses eventos, no livro, acontecem com o protagonista, mudei o nome dele. Em outras palavras Alexandre não sou eu, mas é quase.
Divulga Escritor - Como está organizada a estrutura deste livro?
Alexei José - Diário do Ex-Fumante é de fato um diário, contado dia a dia, em primeira pessoa, durante um ano, o primeiro ano de um ex-fumante, da véspera da parada (do último cigarro) ao aniversário de um ano da conquista. Não escrevi todos os dias do ano, os 365, por correr o risco de deixar a leitura maçante e repetitiva. Um cara que para de fumar passa pelas mesmas tentações frequentemente. Não fazia sentido ficar repetindo acontecimentos.
Divulga Escritor - Em seu terceiro livro, “Uísque”, lançado em fevereiro deste ano, qual é a ideia principal que ele traz? Ficamos bastante curiosos...
Alexei José - Uísque é uma história de três amigos de infância, que nasceram na mesma cidade, no interior de São Paulo. No livro, já são crescidos, tiveram criações completamente diferentes e tomaram caminhos também diversos. O caráter, as circunstâncias e certas coincidências (que alguns chamam de destino) levam dois desses amigos a se encontrarem anos após uma separação traumática ocasionada por uma traição. O outro amigo fica no meio deles, equilibrando os pratinhos. Contando assim, parece um enredo de uma novela, mas Uísque jamais seria uma. Escrevi em quatro fins de semana e três litros e meio de uísque, portanto não espere uma linguagem polida e acontecimentos normais, embora os personagens sejam gente bem fácil de se encontrar por aí –embora o desfecho seja uma reportagem digna do finado Notícias Populares. O grande lance de Uísque não é O QUE acontece, mas COMO as coisas acontecem. UÍSQUE é um livro que não tem a pretensão de ensinar nada a ninguém. Sua vida não vai melhorar se você o ler. Mas eu garanto que vai se divertir. E é esse o objetivo dele: entreter. Eu gosto muito desse livro.
Divulga Escritor - O Livro “Treze” possui diversos minicontos, e já numa proposta diferente dos outros dois. Explique-nos.
Alexei José - Escrever contos sempre foi algo que quis fazer. Uma leitura rápida, uma história mais sucinta. E creio ter sido esta a espécie literária (se é que posso chamar assim) que escrevi na vida. As redações do colégio, quando não são crônicas (como a clássica “Minhas Férias”) são pequenas histórias que inventamos – que nada mais são que contos. Nessas, comecei escrevendo contos para concursos literários de jornais, instituições culturais, etc. Foi quando tive a ideia do Projeto Conto com a Diretoria e o ato de escrever contos, ganhou uma nova dimensão. Em seguida participei de um concurso de minicontos que era escrever um conto com até 200 palavras. Gostei daquilo e passei a escrever alguns com 150 palavras. São histórias ideias para o dia-a-dia de facebook que vivemos, no qual as pessoas buscam leituras rápidas pois a oferta de informação é espantosa – e muitas vezes de qualidade duvidosa.
Divulga Escritor - O que o levou a criar o Projeto Conto com a Diretoria? O que é o projeto?
Alexei José - Foi justamente esse lance todo de escrever contos e leva-los a internet sem ficar preso no formato dos blogs. Tive a ideia de convidar um Diretor de Arte que trabalhou comigo numa agência de publicidade a fazer a capa para um conto meu. Daí o plano deslanchou e virou um projeto. Hoje tenho contos “encapados” até por um tatuador. Cabe aqui falar um pouco do FAST READ que é um filho do PCD, no qual eu escrevo os minicontos que também contam com a participação de artistas gráficos. É legal pois é rapidinho de se ler. O apelo é “uma história encapada pra viagem por menos de um minuto do seu dia”. Se você que está lendo e é um artista gráfico, mande-me um e-mail que eu te mando um conto ou miniconto pra você criar a capa. E é assim que funciona o Projeto: eu mando o texto, o artista manda a capa.
Divulga Escritor - No universo da literatura, estrangeira e brasileira, quais os romancistas que mais combinam com o seu estilo?
Alexei José - Eu gosto muito de Machado de Assis, de Dostoiveski, de Cortazar, Clarice Lispector, Fitzgerald, Huxley, Thomaz Mann, Raquel de Queiroz e mais um monte que não lembro assim, de cara. Li recentemente um livro da Jennifer Egan, por exemplo, A Visita Cruel do Tempo, e fiquei maravilhado. Acabei por ler mais três livros dela. Eu, sinceramente, não sei dizer ao certo quem combina comigo. Gosto muito de ler e leio quase tudo que cai na minha mão. Mas não tenho problemas em desistir de uma leitura quando ela me desagrada muito. Adoro quando alguém me indica algo e eu descubro um autor que não conhecia, uma história realmente boa. Contar histórias é uma arte bastante peculiar e quando encontramos alguém que a domina não dá pra não parar e admirar cada pormenor da narrativa. Enfim, eu acho que de tudo que leio sempre pinta algo do autor ou autora quando escrevo. Não fico esperando ter o estilo deste ou daquele. Mas, claro, sempre rola uma influência maior de um ou outro sobre o meu trabalho. Pra não ficar em cima do muro e passar no vácuo, acho que Rubem Fonseca, um pouco de Bukowski e uma pitada de Nelson Rodrigues pode dar bem a tônica da minha escrita – e que honra em citar tais autores.
Divulga Escritor - Onde podemos encontrar seus livros? Estão todos na Amazon. Os links de compra são:
Alexei José - DIÁRIO DO EX-FUMANTE: https://www.amazon.com.br/Di%C3%A1rio-do-Ex-Fumante-Alexei-Jos%C3%A9-ebook/dp/B00I50MH44/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1429552211&sr=1-1
Divulga Escritor - Como enxerga o mercado literário atualmente? Como escritor e redator, suas ideias podem melhora-lo em que aspecto ?
Alexei José - É um mercado muito difícil. Na verdade, o novo autor sem alguém que o indique, pasta muito. As editoras não estão abertas para novos escritores. Se você manda um original, eles demoram pra responder, isso quando o fazem. A maioria nem lhe dá satisfação. Pedem um ano, às vezes dois de prazo mas simplesmente não lhe respondem. Há muita falta de respeito e profissionalismo. O mesmo acontece com agentes literários. Ou querem cobrar antes de qualquer resultado ou não lhe dão atenção. O mercado literário brasileiro ainda é muito fraco e preso a mesma rodinha de autores e influências, embora tenha se desenvolvido um pouco nos últimos anos. Eu sempre busco uma grande editora para publicar meus livros mas se eles não querem, não vou engavetar o que escrevi, o que acho legal, o que sei que outras pessoas vão gostar de ler. Hoje é fácil se auto-publicar. A Amazon oferece este espaço. Mas aí pinta uma nova dificuldade: divulgar seu trabalho e conseguir vendê-lo além de sua roda de relações. Mas aí já é outra conversa.
Divulga Escritor - Chegamos ao fim da entrevista. Agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor. Estamos felizes em conhecer o pensamento do escritor Alexei José. Que mensagem quer deixar para nossos leitores?
Alexei José - Quero agradecer a atenção e a oportunidade de poder falar sobre meu trabalho literário. É muito importante esse espaço para que novos autores se comuniquem com o público. O trabalho do Divulga Escritor é importantíssimo nesse sentido. O que eu gostaria de dizer aos leitores é que não tenham medo de ler autores desconhecidos e publicações independentes. Há muita porcaria por aí mas temos bons textos escritos fora do grande circuito literário. Quando você lê um novo autor, você abre uma porta pra ele, você dá uma oportunidade pra ele. Caso não goste do que está em suas mãos, feche o livro e parta pra outro. Há sempre uma nova história pra se conhecer. Sempre há uma história bem contada esperando por você.
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