Almanaque Literário entrevista Marcelo Garbine Mingau Ácido
ALMANAQUE LITERÁRIO: Como surgiu o escritor MARCELO GARBINE MINGAU ÁCIDO?
MARCELO GARBINE: Sempre gostei da arte literária. Quando bem pequeno, eu já ditava estorinhas pra minha mãe escrever, como menciono na minha biografia. Com dezessete anos, publiquei os meus primeiros livros. É uma necessidade natural e latente de dizer o que sinto.
ALMANAQUE LITERÁRIO: Mingau Ácido, é o seu “alter ego” ou a denominação é apenas um pseudônimo para combinar com o sarcasmo de suas crônicas?
MARCELO GARBINE: Mingau era o meu apelido da época da faculdade. O "Ácido" veio pra definir um gênero de humor pelo qual tenho afinidade. A priori, o "Mingau Ácido" nasceu como alter ego pra que eu o usasse, de modo exclusivo, pra assinar os trabalhos humorísticos, colocando-os em outra esfera pra diferenciá-los manifestamente dos trabalhos românticos, os quais assino como Marcelo Garbine. Inclusive, duas contas no Twitter e dois canais no You Tube foram criados pra separá-los bem. Com o tempo, algumas coisas misturaram-se. Entretanto, comumente, sou apresentado como "o dono do blog Mingau Ácido" (que, na verdade, é um site). Muita gente pensa que Mingau Ácido é o nome do meu sítio na internet. Até, em críticas literárias, já vi este tipo de descrição. Eu não ligo pra isso. Deixo as pessoas pensarem o que quiserem e descobrirem o significado com o tempo.
ALMANAQUE LITERÁRIO:Você atua em vários segmentos da literatura, como em poesias, crônicas e letras de músicas, entre outros.Fale de você e seus projetos literários.
MARCELO GARBINE: Hoje, tenho bem definido que o meu foco principal é a música. Dentre todos os gêneros que amo escrever, letra de música é o que me dá mais prazer e empolgação.
ALMANAQUE LITERÁRIO: O que você acha de ser escritor em um país de poucos leitores, onde a literatura nacional não é valorizada e o custo de edição é alto.
MARCELO GARBINE: Creio que pra todo tipo de arte existe um público. Números é o que menos importa. Se um determinado gênero de literatura ou arte é demandado por um grupo de pessoas, ele é um sucesso. Isto, por si só, já faz que a quantidade de leitores no nosso país deixe de ser essencial. Além desta circunstância, acredito que, no Brasil, muita gente lê, mas, nem sempre, a literatura que produzimos é a que as aprazem. Existem obras pra todos os gostos. É claro que elevar a quantidade do público leitor faz parte da preocupação do escritor, pelo prisma educacional, contudo, este é um outro tema e não denota entrave direto na carreira literária de ninguém. É apenas uma inquietude de quem ama a cultura e trabalha por sua propagação. Tirante a isto, busco meios multimídia de diversificar os conteúdos que produzo. Poesias viram filmes de declamações poéticas e músicas; textos viram crônicas pra rádio, slides, estórias com animações gráficas, etc. Ou seja, procuro fazer que a minha literatura seja apreciada, inclusive, pelas pessoas que não têm o hábito de ler.
ALMANAQUE LITERÁRIO: E suas composições musicais? Quem está cantando com Marcelo Garbine?
MARCELO GARBINE: Os meus maiores parceiros, no momento, é o pessoal da banda Lyra Azul, de Belo Horizonte, integrada por Larissa Sette (voz), Wagney Vinicius (guitarra), Rayane Vaz Liberato e Edilson Lopes Alves (teclado) e Claudio Oliveira (bateria). Eles já gravaram quatro músicas cujas letras são de minha autoria. E outras estão pra sair do forno. Em breve, teremos mais bandas lançando músicas com letras minhas, como Desidare, do Amapá, e Al Capone, de São Paulo. Estas são as produções musicais catalogadas na lista das que foram ou serão gravadas em estúdio, mas também houve pessoas que fizeram trabalhos artesanais com as minhas obras no mundo da música. Estes trabalhos possuem a sua beleza peculiar e conservo por eles o mesmo carinho que nutro pelas gravações tecnicamente mais refinadas.Também tenho um parceiro musical na área cômica e estamos engatilhando um projeto de músicas humorísticas.
ALMANAQUE LITERÁRIO: Você foi agraciado na 1ª Edição do Prêmio Cabo Frio de Cultura e Entretenimento, pelo sua criatividade literária ano 2014. Fale a respeito e se está na expectativa de indicação para a 2ª edição?
MARCELO GARBINE: As competições literárias são por mim aderidas conforme o ínterim conjuntural. Não possuo foco num certame específico e nem esquadrinho pra averiguar se outras edições suceder-se-ão. Vejo-os como mais uma alternativa de exposição do meu trabalho.
Ganhar o prêmio Cabo Frio de Cultura e Entretenimento foi muito gratificante pra mim. No evento, tive a oportunidade de conhecer artistas fascinantes – alguns famosos – e fazer excelentes amizades. O fato de terem-me agraciado justamente na categoria de melhor criatividade somente fez o meu contentamento aumentar. Foi um acontecimento artístico que repercutiu bastante na cidade e alcançou destaque na imprensa regional. Pessoalmente, reservo um lugarzinho especial pra esta honraria no meu coração, ao lado das solenidades culturais que mais me deleitaram, como, por exemplo, a minha participação na Décima Primeira Virada Cultural de São Paulo – Edição 2015 – na qual foi exibida uma sessão de vídeos de minha autoria.
ALMANAQUE LITERÁRIO: Ciente de que eu não aprecio as academias de letras, porque acho que elas deveriam promover, sem descanso, a nossa literatura. Independente disso, e sabendo que é acadêmico,AL abre o espaço para que fale a respeito da sua participação e das academias as quais pertence.
MARCELO GARBINE: As Academias de Letras possuem uma magnitude semelhante à dos prêmios literários pra mim. O propósito de ser membro delas não é ser melhor que ninguém, até mesmo porque ninguém é melhor que ninguém. A qualidade de um escritor, poeta ou artista independe do número de prêmios que tenha conquistado ou Academias das quais faça parte. O desejo de entrar nestas organizações varia de acordo com os objetivos profissionais e as estratégias de cada um. Pra mim, propriamente, sendo uma matéria curricular e de marketing, foi interessante aceitar os seus convites, porque, ao meu ver, não há efeito relevante no conteúdo artístico sem propaganda e vice-versa. Viajar pra Argentina, por exemplo, e tomar posse no Nucleo de Letras y Artes de Buenos Aires foi uma oportunidade de ouro para a ampliação do meu network. Ao mesmo tempo que apreciei a viagem pelo ângulo turístico, dei um passo importante na carreira. No momento, sou membro de três Academias de Letras Internacionais: uma no Chile, uma na Argentina e uma em Portugal.
ALMANAQUE LITERÁRIO: Falando de concursos literários, fale da sua participação no 2º Festival de Poesia da Cidade de São Paulo. E como ficou a polêmica e as denúncias contra os organizadores do evento? Tens alguma conclusão?
MARCELO GARBINE: O Segundo Festival de Poesias da cidade de São Paulo, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, não satisfez requisitos básicos de publicidade. Não houve publicações no diário oficial; o nome dos jurados e as notas dos candidatos só foram anunciados mediante pressão dos candidatos revoltados com a falta de lisura do torneio. A priori, os organizadores recusaram-se a prestar esta conta, achando que não tinham esta obrigação, talvez, por desconhecimento do princípio constitucional da publicidade, garantida pela Carta Magna do nosso País. Poesias que foram inscritas nos últimos dias de um concurso que durou vários meses, não tiveram nenhuma interação, não foram comentadas, nem curtidas e nem compartilhadas (o que contava ponto) e, mesmo assim, foram classificadas, enquanto obras de qualidade, comentadas por centenas de pessoas, não foram. Eu não podia ver um concurso cultural usando o nome da minha cidade e distribuindo prêmios em dinheiro portar-se tão obscuramente assim. Denunciei-os ao Ministério Público e espero que os organizadores sejam condenados a devolver aos cofres públicos municipais o dinheiro mal empregado. Temos que lutar pra que uma pouca vergonha dessa deixe de ser comum no nosso país, onde tão poucas oportunidades são vislumbradas pra artistas mostrarem a sua arte. O procedimento está tramitando na Promotoria do Patrimônio Público e Social da Capital. Estou atualizando as informações acerca dele no meu site, no qual, inclusive, os autos podem ser visualizados na íntegra. A peça jurídica está em sua fase inicial e, provavelmente, transformar-se-á em inquérito.
ALMANAQUE LITERÁRIO: E de outros concursos?
MARCELO GARBINE: Em breve, terei novidades sobre minhas participações em disputas artísticas. Sobretudo, as de criações de filmes.
ALMANAQUE LITERÁRIO: Além da internet, onde publica seus trabalhos?
MARCELO GARBINE: Todos os espaços são bem-vindos: coletâneas, jornais de bairro, publicações internas de condomínios fechados, revistas de agremiações, folhetos impressos por promotores de eventos culturais pra serem distribuídos em cerimoniais artísticos, etc. Isto só pra falar de difusão na mídia escrita. Também tenho um programa na Rádio WRA de Santo André, no qual leio minhas crônicas, assim como já participei bastante da Rádio Além Fronteiras de Portugal. Mas são poucos os espaços que conseguem ter um alcance tão grande como a boa e velha internet. Esta – acredito – é a ferramenta prevalecente da maioria dos artistas. Livros, ao meu ver, são um braço da minha produção em cultura. Nunca os situei como primaciais, mas são uma vertente expressiva.
ALMANAQUE LITERÁRIO: O site www.mingauacido.com.br é dinâmico. Gostei muito do Baralho Literário e mais ainda do Biscoito da Sorte. Criatividade e talento. O que mais precisamos ter para fazer sucesso? E o que é o tal do sucesso?
MARCELO GARBINE: Sucesso pra mim é, em suma, o reconhecimento da qualidade do trabalho pelo público e pela crítica. Sucesso não é sinônimo de talento e a recíproca é verdadeira. Considero fundamental manter-se sereno após o sucesso e confiante antes dele. Quando o sucesso chega, não é o valor do artista que muda, é apenas o ponto em que ele foi notado, porém, o artista é o mesmo, antes e depois do reconhecimento. Nem todo detentor de sucesso é talentoso e nem todo talento é sucesso. Existe uma infinidade tão imensa de fatores que acarretam no sucesso que poderíamos escrever milhares de páginas sobre o assunto.
Quanto ao dinamismo do meu site, ele é fruto do meu desdobramento pra ser acolhido pelo público. Se amamos o que fazemos, "plantamos bananeira" pra que as nossas criações sejam apreciadas pelo público. No meio de tanta diversidade cultural e de entretenimento, por que olhariam justo pra mim? É aí que entra a minha responsabilidade de criar uma forma de ser visto.
Quanto às novidades, muitas coisas vêm por aí... mas eu não vou falar pra não estragar a surpresa... Posso adiantar, todavia, que tenho um projeto de animações gráficas de estórias gravadas em áudios (meu Programa Passeio Pelas Palavras) em parceria com o Daniel Sette.
ALMANAQUE LITERÁRIO: Por que você recomenda a leitura de seus escritos?
MARCELO GARBINE: Somos suspeitos pra falarmos de nós mesmos. Prefiro que a crítica responda a esta pergunta. Confio na inteligência das pessoas. Somente digo que tenho um amor muito grande pelo que faço e produzo um conteúdo fora da caixinha massificada. Não gosto de dar nada mastigado, pois enxergo o senso interpretativo como crucial. É, até mesmo, uma prudência respeitosa à individualidade do leitor.
ALMANAQUE LITERÁRIO: Deixe uma mensagem para seus leitores.
MARCELO GARBINE: Eu sou extremamente grato a vocês pela atenção e pelo carinho que me dão. Não existe alegria maior pra mim do que quando me dizem que se identificaram com uma obra minha, que riram com uma crônica, emocionaram-se com uma poesia, aprenderam com um texto técnico, motivaram-se com meus escritos, etc. Não há dinheiro nenhum no mundo que pague uma satisfação deste porte. São vocês que me dão vontade de produzir, de acrescentar, de acordar a cada manhã com vontade de fazer algo novo.
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