Amilton Costa - Entrevistado

Amilton Costa - Entrevistado

por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Imagem:  Manuel Tripper

 

Possui graduação em Odontologia e mestrado em Saúde da Família, ambos pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Exerceu a profissão de cirurgião-dentista por dez anos sempre trabalhando com Saúde Pública; em 2007 criou o blog De Boca Aberta dedicado à publicação de crônicas inspiradas na relação dentista-paciente; em 2011 lançou o livro De Boca Aberta: crônicas de vidas na cadeira odontológica, e em 2012 publicou ’20 Dias”, um romance; lançou em novembro de 2015 um livro de poemas intitulado Infinitos Fins; atualmente é professor universitário.

“Vem justamente da proposta do livro que é mostrar a possibilidade de recomeços, que estamos sempre terminando mas, também, podemos recomeçar...”

 

            Boa leitura!

 

Escritor Amilton Costa é um prazer contarmos com sua participação no projeto Divulga Escritor, você é odontólogo, conte-nos, o que o motivou a ter gosto pela escrita literária?

Amilton Costa - Sempre gostei de escrever, desde criança os livros e a escrita me fascinavam; mesmo quando não sabia ler os livros permeavam minha imaginação. E tudo que eu escrevia ia ficando guardado, escondido. Tem a ver com amadurecimento da ideia também, do momento de decidir mostrar o que penso, o que imagino. Mesmo sempre tendo escrito, só passei a tornar público há cerca de oito anos quando criei um blog.

 

Em que momento pensou em escrever o seu livro “De Boca  Aberta”?

Amilton Costa - Em 2007 criei um blog, o De Boca Aberta, que deu origem ao meu primeiro livro de mesmo nome. Nele eu conto crônicas de pacientes que interagiram comigo na cadeira odontológica. E, assim, surgiu o De Boca Aberta, para contar histórias reais, de vidas anônimas e, muitas vezes, negligenciadas por inúmeras adversidades, e que o dentista, não raro, deixa passar por simplesmente não entender completamente que a boca, o dente e a gengiva que procura a cura carrega um ser humano. Com o blog passei a escrever crônicas quase diariamente, para em 2011 decidir lançar um livro a partir destes relatos. Mas sempre, desde criança, também escrevo poemas.

 

Como foi a construção do Enredo de seu romance “20 dias”?

Amilton Costa - Quando surgiu a ideia de escrever o livro, inicialmente veio o protagonista e o primeiro ‘fim’ que ele teria a partir da descoberta da morte próxima; passei a colocar tudo no papel na ânsia de chegar naquele fim inicialmente pensado. Porém, no último capítulo surgiu um novo desfecho completamente diferente daquele que eu havia imaginado. E fiquei feliz com o resultado, espero que as pessoas também gostem.

 

Teremos novo lançamento, agora com textos poéticos “Infinitos Fins”, que temas você aborda nesta obra poética?

Amilton Costa - São poesias escritas ao longo de minha vida. Comecei a escrevê-las bem cedo, mas nunca publiquei. Agora vejo que chegou a hora. Tratam da vida, das dúvidas, das angústias, do medo de errar, da solidão, da possibilidade do fim, mas também do recomeço a cada momento. Elas representam minha vida, mas podem também representar a história de cada pessoa, de cada vida inserida naquele contexto atemporal.

 

Como foi a escolha do Titulo para “Infinitos Fins”?

Amilton Costa - Vem justamente da proposta do livro que é mostrar a possibilidade de recomeços, que estamos sempre terminando mas, também, podemos recomeçar, fazer uma nova história, seguir outras trilhas, nos (re) encontrarmos.

 

O que mais o encanta nesta obra?

Amilton Costa - Cada poesia aparece como um pedaço de mim, um momento único mas que pode ser interpretado de várias maneiras, adequadas aos seus desejos e anseios.

 

Onde podemos comprar os seus livros, já podemos fazer reservas para o livro a ser lançado?

Amilton Costa - A versão impressa está disponível no Clube de Autores; gosto da proposta deles, do estímulo aos autores independentes e na impressão que só ocorre após cada compra, um respeito à sustentabilidade pensando no meio ambiente neste contexto. Acho fantástica a ideia. Estou disponibilizando, também, a versão digital em formato epub  para download no site do Clube de Autores, mas também em livrarias parceiras tais como Amazon, Livraria Saraiva, Livraria Cultura, Google Play.

Tenho um site no qual disponibilizo links para compra dos livros e também acesso a textos inéditos : https://www.amiltoncosta.com/

 

Como você vê o mercado literário na odontologia?

Amilton Costa - Há uma infinidade de livros técnicos, mas pouca interação quando o assunto é literatura. Até hoje percebo uma dificuldade em convencer os dentistas a comprarem o livro De Boca Aberta. Maioria das vendas do livro, quase 90% não foi feita para dentistas. Sou professor universitário e ministrei aulas em curso de Odontologia numa Universidade Federal e nunca consegui fazer o público comprar e dedicar-se à leitura de crônicas.

 

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Amilton Costa. Agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos em sua opinião o que o leitor pode fazer para ajudar a vencermos os desafios encontrados no mercado literário brasileiro?

Amilton Costa - União, acho que alternativas que consolidem redes para divulgação através da internet etc. O mercado literário ainda é muito fechado, poucos conseguem publicar e quando o fazem esbarram na burocracia e não vendem. Há uma infinidade de novos autores, de novas possibilidades. Mas ainda é um mercado muito restrito. Os autores novos, os desconhecidos, sofrem para publicar, depois para vender. Se você não for famoso, provavelmente o público não comprará sua obra. Muitos autores internacionais de grande sucesso vendem muito no Brasil, mesmo tendo qualidade inferior a muitos escritores brasileiros, mas que não são famosos. As editoras privilegiam grandes nomes internacionais, e para os autores que não são famosos fica mais difícil vender. Vivemos num mundo ainda muito individualizado, marcado pelo capitalismo. Não seria diferente entre escritores. Há sim, como em qualquer profissão, a necessidade de vencer, e a competitividade existe para mostrar quem vai sobreviver, mesmo não sendo o melhor, muitas vezes. Mas o importante é não desistir, é unir forças cada vez mais e não deixar de publicar porque atualmente há meios que possibilitam de forma alternativa você mostrar seu trabalho. Os bons sempre sobreviverão.

 

 

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