S O B R A S - por Anchieta Antunes

S O B R A S - por Anchieta Antunes

S O B R A S

 

Pois é, hoje vamos comer sobras, ou seja, o que sobrou de ontem, das festas de final de ano, de Natal e Ano Novo. Vamos partir para os restos de peru, frango “Chester”, pernil, arroz com passas, com cenoura, com ervilhas, com milho cozido, com qualquer coisa que a inventividade da cozinheira possa ter imaginado para melhorar, não só o aspecto, como sabor (algumas vezes rejeitados). 

Na primeira comemoração do ano aproveitamos para mostrar que ganhamos dos parentes e amigos algumas roupas de valor inestimável enquanto brilhando nas vitrines das lojas natalinas Vamos calçar sapatos que brilham e refletem o quanto gastamos, muitas vezes sem poder, apenas para não deixar “passar em branco”, as festividades natalinas. A exposição da vaidade em alguns, é maior que a responsabilidade. 

_Ora! Trabalho mais, faço horas extras e pago tudo o que fiquei devendo, mas não posso deixar de comemorar o Natal, afinal é só uma vez por ano. 

Para alguns no dia primeiro do ano sobraram uma tremenda ressaca, uma dor de cabeça insuportável, uma vontade de fazer nada, apenas deitar e curtir o “Dulce far niente”. É só uma vez por ano gente, vamos aproveitar que ninguém está vendo, e pernas para o ar. 

Sujei a camisa com o molho da carne, não faz mal, a lavadora resolve num instante. Rasguei a calça nos fundilhos? Consegue-se outra, não sei como, mas que se consegue, ah, isto se consegue. 

Queimei uma porção de dinheiro em fogos de artificio; não faz mal, pois que me diverti a valer, não só eu como meus familiares, meus vizinhos, e todo o povo do bairro. Perde-se o dinheiro, ganha-se outro. A grana volta, a oportunidade, jamais. 

É verdade que preciso nestes primeiros dias do ano novo, fazer uma dieta severa para gastar o que minha gulodice exagerou nos comes e bebes. Com um mês de exercícios, volto à minha imagem de atleta enxuto. 

Fiz mil pedidos a Deus, a Jesus, à Virgem Maria, a todos os Santos, na esperança de satisfazer todas as minhas aspirações, meus desejos materiais, minha viagens sempre. Quero e preciso comprar um carro novo, daqueles que se vê nos reclames de televisão, cheios de computadores, de brilhos nos faróis, de rodas luzindo a luz do sol, quase nos cegando com tanto charme. 

Preciso aumentar a minha casa, para abrigar minha família que sempre aparece nas grandes festas, a família de minha mulher, os amigos de meus filhos, as namoradas, os namorados, os amigos dos namorados, os vizinhos que vêm bicar uma trisca da farofa que está maravilhosa.

_Menina, como é que você consegue fazer uma farofa tão boa? O que é que você bota para ficar tão convidativa? Com essa asinha de frango então, é uma maravilha. 

Não sabe ela que a asinha de frango é a parte que meu marido mais gosta! 

Acho que exagerei um pouco com o uísque! –Mulher, quantas garrafas de uísque sobraram?

_Sobraram???!!! Eu tive é que buscar um litro na casa de nosso vizinho. Você tonou todas, você e seus amigos que nunca lembram de trazer uma garrafinha que seja para lhe ajudar na bebedeira. Vai lá na casa deles e pergunta quantas garrafas sobraram, vai!!!

Ah! Já passou mesmo, deixa pra lá, não adianta chorar o leite derramado, para usar uma expressão tão repetida. Bebi, comi, me empanturrei, gastei o que tinha e o que não tinha, não faz mal, depois ganho mais. Fim de ano só acontece uma vez por ano. 

–Marido, com esta expressão você está descobrindo a roda. Por acaso você queria que o ano tivesse mais de um “final de ano”? Pelo visto foi muita cana mesmo! Deus me perdoe. Ainda bem que faltam mais de trezentos dias para outro final de ano. 

–Meu amor! Você viu a Eulália com aquele vestido longo, vermelho, brilhante, e com um decote que se via até o umbigo? 

–Vi não, meu amor! Eu não ligo pra vestido de amigas, nem mesmo com decotes exagerados.

–Me engana que eu gosto, todos os homens estavam olhando para os seios dela, menos você. Tá certo, eu acredito e amanhã vou jogar no bicho. Pra falar a verdade eu tive pena foi do marido dela. Coitado! Até parece que é corno convencido!

–Mulher, deixa pra lá, vamos falar de outra coisa, deixa a vida dos outros com os outros, é feio tá malhando os amigos, os vizinhos...

 

Mais ou menos assim são os dias que formam o fim de ano, incluído nisto o Natal, as festas nas casas dos amigos, os almoços gregários, os festejos congraçados em sociedade, os aniversários dos filhos, dos amigos, da mulher ou do marido. Tudo junto no mesmo bojo de festividades, de alegrias e comemorações. 

Festa é festa, e que venham mais, com bastante alegria e felicidade. 

Viva 2016, 2017, 2018 etc. etc. etc...

 

Anchieta Antunes - Gravatá – Primeiro de janeiro de 2016.

 

 

 

 

 

 

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