Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Antônio da Silva Fernandes, nasceu em Braga, onde reside atualmente, Ingressou no movimento associativo na década de 70 através do grupo de teatro GETA-Grupo Experimental de Teatro Amador, onde desempenhou várias atividades de representação e de escrita de textos para as peças que levou á cena, foi presidente da direção durante a sua existência. Foi vice-presidente da associação de pais da escola Francisco Sanches. Vice-presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, Vice-presidente da Associação de Solidariedade Social de Este S. Mamede - IPSS, em Braga, e atual presidente de Assembleia Geral.
“O teatro amador é uma experiência de viagem pelo real e pelo irreal, fascinante. Alucinante nuns casos. Terrível noutros. E de aceitação do interesse comum em muitos outros.
É uma aprendizagem continua sobre, e como, se comportam os semelhantes em condições semelhantes e em condições diferentes também.”
Boa Leitura!
SMC - Escritor Antônio Fernandes é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que o motivou a ter gosto pela escrita?
Antônio Fernandes - O gosto pela escrita surge mais como necessidade do que como gosto específico. Deriva das condicionantes implícitas à vida e à crescente necessidade em transmitir uma opinião audível aos diversos níveis. Intelectual. Sentimental. Existencial.
Funciona como um escape ao quotidiano. Retratando para a posteridade que lhe for atribuída uma forma racional do raciocínio que ajuízo claro, justo, e credível!
SMC - Você chegou a escrever peças para o teatro, na qual fostes presidente de direção, o que o motivou a escrever para o teatro?
Antônio Fernandes - O teatro é, por excelência, uma forma de personificação da vida dos personagens imagináveis. No que de bom e de mau tem cada um, assim como dos que nada tem de proveitoso mas que se conseguem afirmar pela roupagem externa que usam.
O teatro é, enquanto movimento associativo, um exercício de comunhão de ideias e ideais, mas também, de divergências e convergências de opinião sobre a sociedade em geral. É também, um exercício de capacidade organizativa na abordagem temática e de consensos assim como de estruturação coletiva. A que acresce a gestão dos recursos Humanos, técnicos e financeiros.
O teatro amador é uma experiência de viagem pelo real e pelo irreal, fascinante. Alucinante nuns casos. Terrível noutros. E de aceitação do interesse comum em muitos outros.
É uma aprendizagem continua sobre, e como, se comportam os semelhantes em condições semelhantes e em condições diferentes também.
Conseguir traduzir em um, ou vários textos, as diferentes formas de estar e de se comportar dos vários personagens, é algo de gratificante e indutor da capacidade critica construtiva de mostrar o que somos e como somos em sociedade.
SMC - Hoje, que tipos de textos você escreve? Quais os temas que você aborda em sua escrita?
Antônio Fernandes - Os textos que hoje em dia vou escrevendo são de inspiração diversa porque a vida atingiu níveis de diversidade pujantes.
A evolução dos comportamentos sociais derivados do aperfeiçoamento tido nas componentes: acadêmica; evolução tecnológica; automatização dos procedimentos desde a transformação das matérias primas ao consumo; A globalização exponencial dos hábitos de vida; o cruzamento racial; entre muitos outros.
Os modelos de organização social propulsores de qualidade de vida em melhoria continua para as classes mais desfavorecidas e os que tentam manter o status quo das classe dominantes. O Estado Social e o Estado Neoliberal. A noção do equilíbrio possível numa sociedade em mutação constante e em que a sobrevivência é condição primeira!
A crônica. A narrativa. A poesia.
Uma panóplia de diversidade tal, em que a abrangência se torna complexa quando se pretende individualizar o que não é passível de o ser.
SMC - Em que momento você se sente mais inspirado a escrever?
Antônio Fernandes - Não tenho o momento certo ou incerto para escrever.
Todos os momentos são momentos em que pode acontecer.
Há estados d'alma mais ou menos propícios a que aconteça. Desde que hajam condições para que ocorra. O local e a ferramenta.
Escrever é um acaso continuo sem fio condutor de interesse que desagúe em publicação. Vulgo livro. Ou até artigo de opinião.
Como disse, é uma necessidade em expressar por escrito a minha opinião sobre o que vai acontecendo à minha volta.
SMC- De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?
Antônio Fernandes - Exprimindo opinião publicada em órgãos de comunicação social local.
Colaborando em coletâneas de poesia e de prosa.
Fazendo intervenção política escrita, publicada ou discursiva, dentro de organização política, associativa, fóruns e outros.
Nas redes sociais onde publico matéria diversa e de acordo com as temáticas sugeridas. Poesia; Crônicas; Narrativas; Outros.
SMC - Quais seus objetivos como escritor? Pensas em publicar um livro?
Antônio Fernandes - Não alimento objetivos nesta área específica, a de assumir ser escritor, até porque nunca foi essa a minha forma de vida profissional.
Escrevo pelas razões e pelos motivos que já referi.
Penso publicar um, ou mais, livros sobre as temáticas já referidas.
SMC - Você já trabalhou como locutor, conte-nos como foi que surgiu esta oportunidade? Você pensa em voltar as rádios?
Antônio Fernandes - Produzi, realizei e fiz a locução de dois programas de rádio em duas rádios locais.
Um primeiro a que chamei de "Solidariedade". E um segundo a que chamei de "Cumplicidades".
Ocorreram em anos distintos entre os anos de 2000 e 2005.
Eram programas com a duração de uma hora. Em horário de inicio de tarde e ao fim de semana. A sua emissão ocorria ao Sábado com repetição ao Domingo na mesma hora. O seu conteúdo constava de conversa informal com figuras públicas tentando mostrar ao ouvinte o outro lado do personagem enquanto cidadão.
A experiência foi construtiva na justa medida em que me permitiu, também, conhecer o outro lado dos personagens.
Não penso voltar a fazer rádio embora possa acontecer em virtude das dificuldades porque passam. E como nestas coisas, sempre fui voluntário, e o que fiz foi de forma graciosa, posso correr o risco de vir a ser convidado. O que já aconteceu mas desta feita para um projeto de televisão. Simplesmente, por motivos diversos, não aceitei.
SMC - Quem é o escritor Antônio Fernandes? Quais seus principais hobbies?
Antônio Fernandes - Sou mais um no meio da multidão.
Hobbies?
Não tenho por motivos de saúde. O hobbie principal que tinha era a pesca.
Tenho atividades cívicas: Militância política; Presidente da AG de uma Instituição de Solidariedade Social (IPSS); Dirigente e participante em diversas valências de uma Academia sénior; Dinamização e participação em tertúlias de caráter eminentemente cívico e de exercício de pleno direito da cidadania.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?
Antônio Fernandes - Citaria um maior controlo sobre os mercados paralelos existentes. Nomeadamente nos circuitos de plataformas informáticas e de fotocópia de obras literárias.
Não é fácil. Mas é possível!
Citaria também a necessidade de uma maior exigência qualitativa sobre todos os trabalhos publicados. Um maior controle sobre os plágios. E também alguma seletividade nos conteúdos embora, nesta vertente, a liberdade tenha regras. E, lamentavelmente, essas regras permitem que um livro possa ser tudo, menos um livro na verdadeira acepção do conteúdo implícito ao conceito.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Antônio Fernandes, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Antônio Fernandes - A mensagem que deixo é a de que não podemos desistir do Homem enquanto Ser racional. E que para isso devemos ser exemplo sério durante o curto tempo de vida que temos.
Porque o mundo e a vida continuam para além da nossa singela existência, e que, do estado em que o deixarmos dependem todos os outros que se nos seguirão!
Participe do projeto Divulga Escritor