AO OUTONO DECLINANTE
Tímido
oblíquo
um pouco mais tarde, agora
circunda toda a terra
numa sofreguidão de luz.
Vertiginosamente, completa o ciclo diurno.
Mostra pujança
a última.
Sofrido,
antes que a chuva
antes que a cinza
e o breu
se diluam em seu ventre
acomodando-se nele.
Despe-se da chama
e declina
altivo.
Atira-se ao mar...
Parte.
Assim
suave
E leva-me com ele…
Dormitará
no colo de Leto
para acordar em Março triunfante!
Surgirá vigoroso.
Trará as Helíades
por companhia
e de novo todos os rios
todos os mares
e seres
regurgitarão alegria.
E me trará com ele.
De novo, a vida!
Conceição Oliveira,
In, SOLAR de POETAS - Colectânea de Poesia, volume II,
Modocromia em parceria com o Solar de Poetas.