Morrem.
Morrem
As palavras nas cruzes que talhamos
À nossa medida
Quando a hora é de nos calarmos.
As máquinas ocupam-lhes os lugares
E sugam as palavras à humanidade…
E pela insanidade que nos preenche os dias
Todos os dias deveriam ser de finados.
Não há diálogos. Há lutos, em círculos viciosos,
estéreis, à volta dos nossos umbigos.
.
Os lutos requerem silêncios…
Tomaram conta de nós;
Ocupam-nos as casas
A cama
O lugar à mesa.
E é tão difícil dizer silêncios, viver com eles.
Ensandecemos?
Conceição Oliveira
In, Perdidamente – Antologia (Poetas Lusófonos Contemporâneos II
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