CARLOS PENA FILHO
“O Poeta do azul”
Carlos Pena Filho – Foi um poeta pernambucano considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira do século XX. Filho de pais portugueses, Carlos Pena Filho nasceu no Recife, em 17 de maio de 1929. Em 1937, com a separação dos pais, mudou-se para Portugal, onde fez seu curso primário. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito do Recife, na qual se encontra, hoje, o busto do poeta.
O escritor foi um poeta político, interessado em cada aspecto da vida de sua cidade e do seu Estado, Pernambuco. Seu estilo é carregado de oralidade e musicalidade, possuindo forte apelo pictórico. Em 1947, publicou o soneto “Marinha”, no Diário de Pernambuco, sendo o seu primeiro trabalho como poeta. Carlos Pena Filho teve sua carreira prematuramente encerrada em virtude de sua inesperada morte em 11 de julho de1960, quando ainda estava com 31 anos de idade.
Site da Prefeitura de Olinda
https://www.shservidores04.com.br/
OBRAS
- "O Tempo da Busca", 1952
- "Memórias do Boi Serapião", 1956
- "A vertigem Lúcida", 1958
- "Livro Geral", 1959
- Algumas poesias
- Carlos Pena Filho - O Poeta Atlântico
- Jornal de Poesia - Carlos Pena Filho
- Sonetário Brasileiro
- Pernambuco de A/Z
- Fundação Joaquim Nabuco
- NordesteWeb
Compositor, em parceria com Capiba, renomado músico pernambucano, foi autor de letras de músicas de sucesso, entre as quais destaca-se “A mesma rosa amarela”, incorporada ao movimento da Bossa Nova na voz de Maysa, e depois gravada por outros artistas como Vanja Orico, Tito Madi e Nelson Gonçalves, "Claro Amor", "Pobre Canção" e "Manhã de Tecelã".
A Vertigem Lúcida", seu terceiro livro, premiado pela Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco. Em 1959, lançou o "Livro Geral", reunindo sua obra poética já editada acrescida de poemas novos (Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro).
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
CARLOS PENA FILHO
“O Poeta do azul”
Desmantelo Azul
Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas
Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas
E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço
E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nascia um sul
vertiginosamente azul: azul.
Para Fazer um Soneto
Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
e espere um instante ocasional
neste curto intervalo Deus prepara
e lhe oferta a palavra inicial
Ai, adote uma atitude avara
se você preferir a cor local
não use mais que o sol da sua cara
e um pedaço de fundo de quintal
Se não procure o cinza e esta vagueza
das lembranças da infância, e não se apresse
antes, deixe levá-lo a correnteza
Mas ao chegar ao ponto em que se tece
dentro da escuridão a vã certeza
ponha tudo de lado e então comece
Vemos nestes textos de Carlos Pena enfatizando sempre o azul.
Subentendo que era a cor que ele mais gostava ou trazia-lhe paz, como também temos nós a nossa preferida, azul para mostrar as coisas gratas e extinguir as coisas onde não há o azul, ou seja, figuradamente punha azul nas coisas boas tirava-lhe a cor às coisas ruins.
Valorizava a vida quando diz: Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.
“A Solidão e Sua Porta”
Ou ainda quando certo dia no Bar Savoy, valorizando a vida e sem puder mudá-la e tentando fazê-la melhor escreveu, disse:
Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados
“Chopp” Carlos Pena Filho
(1929-1960)
Publicou “O Boi Serapião” onde reunia poemas do gênero de cordel porém de maneira erudita “Este campo, vasto e cinzento/ não tem começo nem fim/ nem de leve desconfia, das coisas que vão em mim”.
Comentários Luis Eduardo Garcia Aguiar