Às vezes,
a palavra torna-se sorriso
E o sorriso raio de luz
Entrando,
Sem que o transeunte
Absorto,
Peregrino de caminho incerto
Evite
A luz irradiada
Da palavra
Sorriso
(ainda que ausente
morto
ou em desordem, o pensamento)
Às vezes,
a palavra é água putrefacta
Correndo sobre o barro calado
Sulcando a carne
Ferida de amor
Às vezes,
a palavra é voo
Curta paragem
Penas caídas
(alcatruz rodando
pântano invernoso
onde se afogam os sonhos do mundo…)
Outras vezes,
A frieza da chuva.
Leve sobre a alma
No reflexo da enchente primaveril
E os rostos debruçados e limpos
Preenche os nossos dias de esperança.
Muitas vezes.
Conceição Oliveira
In, Perdidamente – Antologia (Poetas Lusófonos Contemporâneos II
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