Assombração - por Antonio Eustáquio Marciano

Assombração - por Antonio Eustáquio Marciano

ASSOMBRAÇÃO

 

Havia um arraial no fundo de um grotão

Onde a noite era tomada pela escuridão

E ali raramente se via uma raio de luar

Eram poucas famílias que ali moravam

Pois outras que algum dia ali passavam

Por mais que desejassem não podiam ficar

 

Muitos tentaram entender o que acontecia

Desvendar o mistério daquela grota fria

Por que tão poucos se dispunham ficar ali

É que à noite era vista, vestida de branco

Uma senhora mui alta, calçando tamanco

Que flutuava deslocando como um colibri

 

Mas um dia um caboclo que nada temia

Transitava naquele local e acabou o dia

E, na noite, seguiu em frente sua caminhada

Logo, o puro avistou aquela coisa estranha

O seu corpo tremeu, com medo e com sanha

A Deus elevou uma oração bem rezada

 

Foi chegando pertinho da assombração

Percebeu que ela tinha uma lanterna na mão

E logo uma silhueta lhe pareceu familiar

Desde aquele momento o mistério acabou

Todo o povo que ali morava sossegou

E qualquer hora podia sem medo andar

 

Perto do povoado, numa singela fazendinha

Morava uma senhora que, viúva, era sozinha

Tinha medo fossem seus bens roubados

quando ia ao povoado usava um disfarce

Na cabeça uma trouxa que ninguém despertasse

Ali as coisinhas a vender lá no povoado

 

E por cima de tudo uma capa ela jogava

Isto dava impressão de que a altura aumentava

E a brancura da capa aumentava a ilusão

De que a bondosa senhora que ali caminhava

Que o fruto do suado trabalho levava

Para todos era uma medonha assombração 

 

 

 

 

 

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