ASSOMBRAÇÃO
Havia um arraial no fundo de um grotão
Onde a noite era tomada pela escuridão
E ali raramente se via uma raio de luar
Eram poucas famílias que ali moravam
Pois outras que algum dia ali passavam
Por mais que desejassem não podiam ficar
Muitos tentaram entender o que acontecia
Desvendar o mistério daquela grota fria
Por que tão poucos se dispunham ficar ali
É que à noite era vista, vestida de branco
Uma senhora mui alta, calçando tamanco
Que flutuava deslocando como um colibri
Mas um dia um caboclo que nada temia
Transitava naquele local e acabou o dia
E, na noite, seguiu em frente sua caminhada
Logo, o puro avistou aquela coisa estranha
O seu corpo tremeu, com medo e com sanha
A Deus elevou uma oração bem rezada
Foi chegando pertinho da assombração
Percebeu que ela tinha uma lanterna na mão
E logo uma silhueta lhe pareceu familiar
Desde aquele momento o mistério acabou
Todo o povo que ali morava sossegou
E qualquer hora podia sem medo andar
Perto do povoado, numa singela fazendinha
Morava uma senhora que, viúva, era sozinha
Tinha medo fossem seus bens roubados
quando ia ao povoado usava um disfarce
Na cabeça uma trouxa que ninguém despertasse
Ali as coisinhas a vender lá no povoado
E por cima de tudo uma capa ela jogava
Isto dava impressão de que a altura aumentava
E a brancura da capa aumentava a ilusão
De que a bondosa senhora que ali caminhava
Que o fruto do suado trabalho levava
Para todos era uma medonha assombração