BARATA INTRUSA
Em dias quentes, principalmente nas casas cujos quintais existem pomares, é comum a presença de muitos insetos. Insetos no chão da casa, na parede, no teto, sobrevoando ao redor, muitas vezes espalhando pânico na mentalidade daqueles que convivem com a insectofobia.
Dias desses, estava deitada no escuro, quando ouço o bater de asas em volta. Imediatamente, pulei da cama e acendi o interruptor de luz para verificar o que sucedia. Não é que havia uma barata voadora em minha cama? Exatamente ali, próxima ao meu travesseiro; tão obesa que mal se mexia. E a sua imobilidade deu coragem para eu atirar a minha havaiana nela. Apertei firmemente o calçado sobre aquela casca marrom, não a ponto de esmagá-la e formar aquela gosma características de baratas esmagadas, mas apenas para que morresse delicadamente, sem sujar o lençol da minha cama. E consegui, ela ficou imóvel, aparentemente falecida. Acomodei cuidadosamente o inseto entre a havaiana e fui caminhando até o cesto de lixo.
Em seguida, apaguei as luzes e fui dormir, sem trauma de barata e até orgulhosa da minha proeza. Não precisei gritar pela casa ou acordar os vizinhos por causa de uma barata voadora infiltrada em minha cama. Tremi e suei sem testemunha.
No dia seguinte, fiz questão de contar a façanha para os meus familiares, não aumentei ou emiti o episódio, relatei exatamente como aconteceu. Só não esperava ouvir o relato da minha mãe - segundo ela, quando precisou abrir a tampa do cesto de lixo uma barata enorme se mexeu, procurando fuga!
A minha indignação foi tamanha, me senti enganada por aquela barata atrevida, que sem ser convidada, aproveitou o calor e o escuro para invadir a minha cama altas horas da noite.
Só de pensar que ela se fingiu de morta para viver! Isso mesmo, fingiu-se de morta para viver! Mas deixa uma próxima vez!