Brumas
1.
Do areal sopram ventos do levante
arrastam correntes
cutelos
cativos.
Esquecidos numa manhã de nevoeiro…
Dos cavalos brancos e dos estandartes cristãos
não há vestígios
não há corpos
sangue
cinzas
rezas
ficaram todos
no outro lado do mar
à espera do resgate
que demora.
E o mar, tão grande como o sofrimento,
devolve-nos, agora, os restos.
De povos, sem hora.
in, XIX Antologia - 2015, APP (Associação Portuguesa De Poetas)