Caída
Tantas as quedas
quanta a imprecisão do ser
e o desnorte do rumo
ofereço-me à polémica essência dos silêncios,
solidão da carne
por entre a manada,
rebanho informe a rodear-me.
Traço a firmeza
no charco.
Pegadas de risos.
Caída sim,
na lentidão das pedras,
o levantar.
Cheiros nauseabundos
e o gado a cercar-me.
É sempre assim:
nova tentativa,
outro impulso,
o recomeçar.
Sacudo a poeira,
liberto o lodo,
e retomo o meu chão.
Conceição Oliveira,
in, Coar areia (joeirar o mar) - 2º Prémio Literário - Poesia
in Jogos Florais da Murtosa - "O homem a terra e a água"