Trovador, cancioneiro, seresteiro, três entes, três canções, três lágrimas que regam as pedras brilhantes na réstia do poste, sob a sacada da donzela cobiçada, da paixão que brota aos pulos nos corações em brasas, por uma esperança não escrita no livro do amor.
Cancioneiros das cidades de outrora, onde o furor das ruas só acontecia nos corações dos jovens arrebatados, momentos em que as paixões eram vergastadas pelas dores escarnecidas; túmulos de emoções natimortas.
Seresteiros vagando no espírito da conquista, no beijo não beijado, no carinho escondido, na palavra muda na garganta, no afago asilado na covardia; seresteiros, quais palhaços desengonçados, desejando aflorar lágrimas de anseios em contorcionismos ridículos.
O palhaço chora!
Qual de nós não sofreu a derrota no amor não correspondido, quando nossos corações, mais que músculo, pura fogueira de ardor, buscava um único beijo. O beijo da vida.
Quero voltar a sofrer as dores juvenis, caminhando na corda bamba do desconhecimento, do alvo não alcançado, e do sempre almejado. Quero voltar a viver a intensidade da busca.
Trovadores, cancioneiros, seresteiros, voltem para as ruas do nosso tempo para iluminar novamente nossos corações cansados de batalhas – nem todas ganhas, nem todas perdidas!
Apenas voltem trazendo na bagagem o encantamento da inocência, do lirismo, da poesia autentica.
Voltem...
Venham revigorar
nossos sonhos,
preencher nossos olhos
de vibrantes desejos,
para aprendermos
mais uma vez
a beijar a mulher amada,
cada dia mais,
com vigor e paixão,
com ardor e volição.
Anchieta Antunes