Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Carmem Maria Ortiz, 55 anos, nasceu em Porto Alegre (RS). Atualmente é educadora cultural, contadora de histórias e dá oficinas de teatro e artesanato para crianças, adolescentes e terceira idade nas periferias de Porto Alegre. Bacharel em Artes Cênicas pelo Departamento de Artes Dramáticas do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grade do Sul (UFRGS), atua, produz e dirige diversos espetáculos infantis e adultos desde 1983.
“Enxerguei cada personagem, cada espaço, cada momento como se fosse um espetáculo; então, pelo menos no meu caso, literatura e artes cênicas estão entrelaçadas de todas as formas.”
Boa Leitura!
Escritora Carmem Ortiz, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que mais a encanta na arte literária?
Carmem Ortiz - A literatura em si é encantadora para qualquer um que se presenteia com a leitura, pelo menos no meu entendimento. Ela permite a quem escreve criar, imaginar todas as situações, todas as emoções possíveis.
Por outro lado, enquanto se lê, se cria um mundo que só quem está lendo enxerga, é o seu mundo. A literatura propicia a quem lê e a quem escreve a maior viagem que se pode fazer, sem sair de casa, do quarto, da biblioteca ou de onde estiver. Isto, para mim, é encantador! Então penso que o que mais encanta na literatura é esse poder que ela exerce sobre quem se permite chegar a ela, de nos fazer viajar; e olha que são viagens encantadoras, sempre.
De que forma a arte literária e as artes cênicas estão entrelaçadas em seu dia a dia?
Carmem Ortiz – Há, no teatro ou nas artes cênicas, como preferir, um mundo imaginário maravilhoso; a atriz cria a partir da literatura, entre outros meios, mas a literatura é o primeiro e mais importante meio para a criação da atriz, da encenadora, da professora, seja de teatro ou outra disciplina. Temos em Shakespeare um grande exemplo; cito Shakespeare, porque sou apaixonada por ele, embora não conheça toda sua obra. Mas nós temos inúmeros nomes na poesia, na dramaturgia, na literatura e por aí podemos ver o quanto literatura e teatro estão entrelaçados. E a professora de teatro tem o dever de deixar isso muito claro, muito forte, pois é uma forma de despertar o hábito pela leitura na criança e no adolescente.
No meu dia a dia este entrelaçamento é à flor da pele, pois além de ler muita dramaturgia, adapto muito da literatura para o teatro.
“Beco Esperança”, que é meu primeiro livro, está inundado de cenas imaginadas detalhadamente. Enxerguei cada personagem, cada espaço, cada momento como se fosse um espetáculo; então, pelo menos no meu caso, literatura e artes cênicas estão entrelaçadas de todas as formas.
Em que momento surgiu “Beco Esperança”?
Carmem Ortiz – “Beco Esperança” é uma longa história. A atriz, a escritora, a professora que habitam em mim têm o poder da escuta, da observação; e fui ao longo de muito tempo fazendo anotações de várias histórias ouvidas. Num determinado momento, lendo cada uma das anotações, começou a surgir no meu imaginário uma história só. Como disse antes, consigo enxergar claramente cada personagem, com que roupa está, qual a sua emoção naquele momento; enfim, isto é o que me impulsionou a criar esta história. Comecei escrevendo umas duas horas por dia e percebi que fluía muito mais do que eu esperava; aí fui criando, criando e foi difícil dar um final para a história. Talvez seja por isso que digo que o final é entre aspas, pois acredito que, na verdade, é no final de “Beco Esperança” que se inicia um novo tempo, quando os leitores terão que se encarregar de levar adiante um projeto de vida com mais gentilezas, mais educação e mais amor pelo outro.
Quais os principais desafios para a construção da obra?
Carmem Ortiz - Talvez o maior desafio seja no plano material, pois para criar, para construir algo que transcende, neste caso escrever uma história, é o tempo que se dispõe para tal. Já que é preciso trabalhar para sobreviver, sobra pouco tempo para criar, que é o que me mantém feliz. Embora, tanto trabalhar como criar sejam desafios maravilhosos que, além de me deixarem feliz, me mantêm viva.
O que mais a encanta no enredo que compõe “Beco Esperança”?
Carmem Ortiz – Olha, para mim todo o enredo de “Beco Esperança” é encantador: é a história de dois jovens apaixonados que acabam, pela falta de experiência, por se deixar levar por um destino sem perspectivas e são brindados, mesmo depois de mortos, por uma filha que destila amor por todos os poros, dando início a uma nova era, um novo mundo.
Como foi a escolha do título?
Carmem Ortiz - O título foi a última coisa que aconteceu, embora estivesse ali o tempo todo. Os seres, as famílias que habitam aquele lugar, têm suas histórias, suas vidas marcadas por diversos momentos; e o título vem de uma das famílias que iniciaram aquele povoado, num momento bastante marcante na história do nosso país, que foi a ditadura. Bom, acho que quem ler “Beco Esperança” vai entender melhor.
Onde podemos comprar o seu livro?
Carmem Ortiz - Na amazon.com.br (e-book)
https://www.amazon.com.br/Beco-Esperan%C3%A7a-Romance-Carmem-Ortiz-ebook/dp/B01MPYPZ9L
e no clubedeautores.com.br (impresso e em e-book).
Quais os principais cuidados que o autor deve ter ao escrever para teatro?
Carmem Ortiz - A peça de teatro escrita é uma forma de literatura tão mágica como todas as outras, mas penso que a necessidade de cuidados existe sempre, pois a extensão que abrange esta arte é para ser grande, e o escritor ou o dramaturgo (quem escreve peças de teatro) deve estar atento a esse detalhe. O que se escreve vai atingir e mudar pensamentos e até vidas; eu, pelo menos, penso que esta seja a intenção. Já a dramaturgia, especificamente, tem detalhes, que quem escreve precisa ter um olhar especial, para que na montagem do espetáculo, o texto escrito possa ajudar os profissionais da cena. Mas penso também que há, na montagem de uma peça de teatro, uma liberdade de expressão onde elenco e encenadores podem se movimentar com muita liberdade sem fugir do tema proposto pelo dramaturgo, inclusive abrilhantando, em alguns casos, ainda mais o texto.
Quais os seus principais objetivos como escritora?
Carmem Ortiz - A princípio, gostaria de continuar escrevendo, já tenho em andamento outra história, embora seja muito cedo para falar sobre ela. Gostaria de participar de feiras literárias, escrever artigos para jornais e seminários.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Carmem Ortiz. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Carmem Ortiz - Ler nos dias atuais pode ser um grande desafio, pois há um sem-número de propostas bem mais atraentes do que sentar-se numa biblioteca e ler um livro. Mas aquele que se propõe entrar nesta viagem, deixando-se, de boa vontade, atravessar os pesados muros da falta de leitura, não se arrepende, certamente.
Pois pode ser em páginas virtuais, páginas amarelas, brancas ou ecológicas que se encontram um mundo à parte, um mundo paralelo ao que vivemos; e é neste mundo que podemos imaginar, caminhar, voar, viajar, conhecer, nascer, morrer; mas principalmente é neste mundo que podemos crescer como seres humanos, amadurecer nossas ideias e ideais, e é por isso que convido a todos que lerem este artigo a ler “Beco Esperança”, romance cheio de emoções.
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