foto Marília Moreira
Por Shirley M. Cavalcante
Catarina Cunha nasceu em Maceió em 1963, onde preserva profundas raízes. No entanto, é no Rio de Janeiro que exerce um amoroso autoexílio criativo. Distraída, viu-se bancária por vinte anos e formou-se em Direito e Recursos Humanos.
Em 2006 criou o blog www.gavetaverde.blogspot.com onde passou a registrar suas crônicas, contos e poemas. No mesmo ano foi finalista no Concurso “Contos do Rio” do caderno Prosa & Verso do jornal O Globo. Em 2008 ganhou o primeiro prêmio do concurso de crônicas promovido pela Universidade Castelo Branco e o site www.cronicascariocas.com.br, onde assinou uma coluna semanal por dois anos. Em 2010 publicou seu primeiro livro: “DEU VACA – E Outras Crônicas do Delicioso Caos Carioca” e em 2012 “PIPOCAS NO ASFALTO – Contos e crônicas atropeladas”. Participou da Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2013 e Bienal do Livro de Maceió 2013.
“disputando na cara e na coragem com editoras e livrarias um mísero espaço nas prateleiras. Pois essa galera está aparecendo porque estamos aprendendo a ler e a escrever. Nunca se leu tanto no Brasil como nos últimos dez anos. A qualidade vem com o tempo.”
Boa Leitura!
SMC - Escritora Catarina Cunha, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter gosto pela escrita?
Catarina Cunha - Quando eu tinha dez anos minha mãe foi chamada à escola porque minhas notas eram péssimas e eu vivia “no mundo da lua”, desenhando e escrevendo listas. Nada adiantou, mas comecei a me destacar nas redações pelo humor e pelo drama descabido. Tornei-me popular com minhas listas, sendo a “Lista de ódios” um verdadeiro best-seller entre os colegas.
Na adolescência as notas continuaram sofríveis, só compensadas pela grande produção de poemas politizados. Escrevia contra o machismo, a miséria e a ditadura militar.
O gosto pela escrita surgiu como catarse e necessidade de alimentar a autoestima tão combalida pelo medíocre desempenho escolar.
SMC - Qual tipo de textos gosta de escrever?
Catarina Cunha - Vinte anos como bancária, advogada e gestora de recursos humanos me aproximaram da crônica do cotidiano e do conto contemporâneo. Meus textos são retratos instantâneos das relações sociais, seus entraves e enrolamentos. São contos e crônicas do cotidiano abordando eventos atuais através de personagens fictícios. Faço textos curtos, objetivos e críticos, mas sem perder o bom humor. Aproveito acontecimentos sociais para manter uma forma dinâmica de comunicação com os leitores. São textos rápidos e profundos como uma gargalhada, um grito ou um tiro.
SMC - Qual a principal mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos literários?
Catarina Cunha - Acho perigoso definir a mensagem do texto. Esta está na interpretação do receptor e não na emissão. Faço literatura de “corpo-a-corpo” para ser traduzida pelo leitor dentro do contexto da experiência individual de cada um. Alguns tiram de meus textos mensagens de superação e otimismo e outros, lendo o mesmo texto, uma grande desesperança e revolta. É essa dicotomia que me move.
SMC - Como foi a construção do seu primeiro livro “DEU VACA – E Outras Crônicas do Delicioso Caos Carioca”?
Catarina Cunha - DEU VACA nasceu de despretensiosos textos publicados no meu blog. São oitenta textos para serem lidos em movimento; no metrô, no ônibus, na fila do banco. A cada texto os personagens são únicos e a história se encerra em uma ou duas páginas.
SMC - Quais os critérios utilizados para a escolha do Titulo?
Catarina Cunha - DEU VACA é o título de uma das crônicas do livro. Embora o texto não trate do jogo do bicho e sim de uma vaca mesmo que surge dormindo no chafariz da praça São Salvador, elevá-lo a título remete à uma expressão carioca quando o resultado da tradicional contravenção é inesperado ou inusitado.
SMC - O que diferencia o seu primeiro livro de “PIPOCAS NO ASFALTO – Contos e crônicas atropeladas”?
Catarina Cunha - Embora tenha a mesma forma do primeiro, PIPOCAS NO ASFALTO é um livro mais instintivo, atropelado, caótico até. DEU VACA trata mais do universo carioca, já PIPOCAS NO ASFALTO abre o leque para situações humanas em qualquer parte do mundo e aprofunda-se na prosa poética.
SMC - Onde podemos comprar os seus livros?
Catarina Cunha - Através do site da Editora Multifoco, link:
https://www.editoramultifoco.com.br/literatura-autores.php?idAutor=384
SMC - Catarina, de que forma você divulga hoje os seus textos literários?
Catarina Cunha - Participo de eventos literários, bienais, encontros, lançamentos, etc. É um trabalho de formiguinha. Mas toda formiguinha adoraria ter uma cigarra como agente literária porque a luta sozinha é cruel. Bate-se em muitas portas físicas e virtuais. Nem todo mundo tem o charme das cigarras; ainda vou encontrar uma para me ajudar nessa luta. Por enquanto sigo divulgando na boca-a-boca e nas redes sociais, certa de que meus esforços não serão em vão:
Blog: www.gavetaverde.blogspot.com
https://www.facebook.com/catarina.cunha.543
https://www.facebook.com/pages/GAVETA-VERDE/136361139783598?ref=hl
https://www.divulgaescritor.com/products/catarina-cunha-colunista/
contato: catarinacunha@gmail.com
SMC - Quais os seus principais hobbies?
Catarina Cunha - Nado diariamente. Abraçar a água de forma ritmada quebra um pouco da relação carnal de criar sobre o cotidiano. É na piscina ou no mar que consigo o distanciamento necessário de mim mesma. Também faço caminhadas quilométricas pelas ruas e trilhas da cidade. Cada rua nova ou trilha conquistada abrem meus pulmões e a mente para novas cenas. Adoro ouvir pedaços da conversa alheia e assistir a vida nos seus sublimes insignificantes detalhes. Venho de uma família de advogados por parte de mãe e acho muito divertido discutir casos e, por parte de pai, temos muitos artistas plásticos, então me atrevo com alguns desenhos extremamente relaxantes; jogar Imagem e Ação é o máximo.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?
Catarina Cunha - Minha opinião tem o peso de quem alimenta pombos na praça pensando no intelecto dos corvos. Falo por observação, sentada na arquibancada de um circo que paguei ingresso – caro – para assistir. Vivemos um momento bizarro. Alguns escritores de língua portuguesa pegaram a receita de bolo dos americanos e produzem livros vendáveis. Outros preferem parar num tempo específico e produzir algo já mastigado. E tem a galera que mata um boi por dia para comer uma carne moída de segunda e manter seu próprio estilo, disputando na cara e na coragem com editoras e livrarias um mísero espaço nas prateleiras. Pois essa galera está aparecendo porque estamos aprendendo a ler e a escrever. Nunca se leu tanto no Brasil como nos últimos dez anos. A qualidade vem com o tempo.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritora Catarina Cunha, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Catarina Cunha - Parabéns leitor dessa magnifica língua portuguesa. Leia os clássicos, os medalhões e principalmente os novos escritores que representam o seu tempo. Você é quem está revolucionando o nosso mundo literário. Nós, escritores, somos apenas os instrumentos.
Participe do projeto Divulga Escritor
https://www.facebook.com/DivulgaEscritor