Cegueira
Abri os olhos
E vi o mundo
Tal como ele sempre foi
Ou se tornou
Nem sei bem
Sei apenas que agora
É tudo ganância e ambição
É tudo oco e vão
Sei apenas que agora
Perante estes meus olhos
Cada vez mais cansados
E arregalados de espanto
Foge-me este mundo
Que eles insistem em desvendar
E que acrescento eu aqui?
Haverá algum verso ou um gesto – pequeno ou grande
Que faça a diferença?
Os gestos esquecem-se
Os versos apagam-se
Tudo se apaga, tudo
E estes olhos um dia também se apagarão
E apagar-se-ão desejando apenas
Que nunca se tivessem aberto
E que eu tivesse seguido vivendo
Feliz
Na cegueira da ignorância
Copyright ©2016 Alves dos Santos
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