Cidade moderna
Vultos de aço
Se adonam do espaço
Não têm lugar certo
O caos chega perto
Árvores mudaram
Pedras frias chegaram
O céu é incerto
O mundo deserto
Os homens aceleram
E nunca esperam
O caos matador
É outro o calor
Da alegria da vida
Que hoje é partida.
Espigões
Sem visões
Sem mais nada
Vida acabada
O rio choroso
Corre raivoso
Engolindo gente
Batendo os dentes
Tremendo de dor
Sem conhecer o amor
Desaguando em ais
Nas pedras do cais.
Segue tudo tão reto
Mede-se a vida por metro
Flores de plástico boiando
O mundo inteiro assombrando
E num grito indiscreto
Vira pó de concreto.
Lígia Beltrão
26/12/2015