Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Claudio Castoriadis é professor, escritor, filósofo, poeta, músico, blogueiro. Formado em Filosofia pela UERN, se dedica a filosofia política, teologia, filosofia contemporânea. Desde 2011 publica em sua página pessoal, discorrendo sobre diversos assuntos. Em 2012 seu Blog ficou em terceiro lugar na categoria Arte e Cultura no prêmio Top Blog Brasil por uma escolha de júri acadêmico. O Prêmio Top Blog é um sistema interativo de incentivo cultural destinado a reconhecer e premiar, mediante votação popular (júri popular) e acadêmica (júri acadêmico), os blogs brasileiros mais populares que possuam a maior parte de seu conteúdo focado para o público brasileiro, com melhor apresentação técnica específica a cada grupo (Pessoal e Profissional ) e suas respectivas categorias.
“Parece exagero, mas eu gosto do barulho, racionalizar a surdez do mundo com ideias, novidades, coisas, palavras. Acredito que essa busca por barulho existencial explodiu meu desejo pela escrita.”
Boa Leitura!
SMC - Escritor Claudio Castoriadis é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor conte-nos o que o motivou a ter gosto pela escrita literária?
Claúdio Castoriadis - Olá shirley,
Engraçado, não sei ao certo estampar um momento específico quando pulei nesse universo literário. Talvez o desejo de quebrar o silêncio que gritava em minha mente. Parece exagero, mas eu gosto do barulho, racionalizar a surdez do mundo com ideias, novidades, coisas, palavras. Acredito que essa busca por barulho existencial explodiu meu desejo pela escrita. Ainda criança me dei conta de que gostava de rabiscar, escrever era algo que me animava.
SMC - Que tipo de textos gostas de escrever?
Claúdio Castoriadis - Textos inocentes, desconcertantes, algo na linha não conceitual. Costumo me situar dessa forma: escrever sem "frescura intelectualista". Considero o rigor sistemático, cristalizado simetricamente na escrita, uma pancada frustrante. Sem entrar em detalhes, tenho em mente que a função da linguagem/escrita contemporânea (Nesse contexto) é fundar a elegibilidade em seu espaço, reflexão na linha da representação. Essa característica se enquadra no sentido de produzir uma desautomatização, ou desconstrução da leitura politicamente correta.
SMC - Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos?
Claúdio Castoriadis - Todo sujeito deve ser senhor da sua consciência. Não jogue uma vida gloriosa resmungando e se perdendo por tão pouco. Não obstante, quem não quer se perder, não se deixe levar pela inversão teatral da animalidade dos mesquinhos
SMC –Claúdio, pensas em publicar um livro?
Claúdio Castoriadis - Sim, tenho projetos engavetados; um deles seria escrever algo sobre a trajetória da literatura Latina. Sou apaixonado pela minha cultura! Nossos artistas têm um fôlego caliente e primoroso. À margem da escrita tradicional, que tanto vigorou em todo o mundo, a literatura latina apresenta duas vocações curiosas: o realismo fantástico, em que a narração transcende a experiência do possível quando relata com naturalidade situações impossíveis, e o espírito crítico, textos sensível às brutalidades que formaram a América e ainda são visíveis em nosso continente. Também estou trabalhando num romance ( quem sabe um dia ele amadureça)
SMC - Que leitura é imprescindível no seu dia-a-dia?
Claúdio Castoriadis - Leio bastante jornais e artigos científicos. Sempre estou vasculhando alguns clássicos, contos, romances. Falando nisso, estou relendo Almas mortas do Nikolai Gogol.
SMC - De que forma você divulga o seu trabalho literário?
Claúdio Castoriadis - Todo escritor necessita de leitores, faço bom uso da internet divulgando meus textos, contos, crônicas, poesias, resenhas. Para tanto tenho um Blog pessoal https://claudiocastoriadis.blogspot.com.br/ onde cativei uma quantidade bastante razoável de leitores. Faço parte de duas páginas juntamente com outros escritores: "Pense Fora da Caixa" e "Tubo de Ensaio". O importante nesse percurso é conquistar a interação com o público.
SMC - Quais os seus principais objetivos como escritor?
Claúdio Castoriadis - Francamente? Não tenho grandes ambições. Apenas quero fazer o que me deixa feliz e quem sabe, agradar publico x ou y - espero que alguém goste ( risos)
SMC - Você é filósofo, como você descreve a influência filosófica na literatura?
Claúdio Castoriadis - Boa pergunta que merece um pequeno deslocamento de sentido com a seguinte problemática: onde começa e finda o discurso filosófico? E a literatura? Temos assim o peso, o contra peso, os dois lados da mesma moeda. Minha opinião é bem derridariana. Visualizo o princípio da diferença e referência. Jacques Derrida fez ricas reflexões sobre a relação entre filosofia e literatura. É empolgante seu entusiasmo, que desconstruiu em larga escala as análises estéticas tradicionais. Partindo de uma autoridade - sem essência ou identidade - a literatura é fulcral para o posicionamento da ficção e indeterminação do texto, inclusive o filosófico. Ambas estão de mãos dadas, por retratar modulações do conhecimento humano e caracterizar uma linguagem de questionamento polifônico.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?
Claúdio Castoriadis - Bem, o mercado está em movimento. Flexível para uns, aberto para outros e fechado para muitos! No momento prefiro me abster de comentários retalhados sobre a indústria editorial no Brasil.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o escritor Claudio Castoriades, que mensagem você deixa para nossos leitores?
Claúdio Castoriadis - Certa vez, durante uma viagem a Roma em 1786, Goethe escreveu numa carta aos amigos: "vi muitas coisas, e refleti ainda mais: o mundo vai se abrindo mais e mais, e, mesmo aquilo que já sei há muito tempo, somente agora faz-se de fato meu. Que criatura de saber precoce e prática tardia é o homem." Nota-se nessa metáfora, diversos e possíveis encontros daquele que está aberto à reflexão, deparando-se numa terra estranha. Isso é algo maravilhoso, ser aberto à reflexão, ousar experimentar com as novidades do mundo. Deixo essa ideia solta para que ela possa circular tranquilamente em nossos pensamentos.
Obrigado pelo espaço Shirley
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