CONCRETO
Lá vem o mundo de novo!
Acendendo e apagando em nós
Imensas conchas de letras
“Derrubando homens
Entre outros animais
Devastando a sede desses matagais”[1]
Pés descalços
Sandálias de tiras
Nos cabelos que nada moldura
Fitas coloridas
Noites quentes
Rede que acaricia
A pele curtida que habita
Entre tantos atropelos; sou mais uma
Concreto armado
Vertical
Faróis, buzinas, vida paulista.
Maritacas em bandos
Muros altos, latidos dos cães.
Vaivém, mercado, República.
Todas as valas, falas, vidas, nós.
Colônias coloridas a formar
Recifes de grandes dimensões.
[1] - Música: Eternas Ondas - Zé Ramalho