Dia 15 de março é o dia do consumidor. No dia do consumidor, algum homem consome litros de bebidas baratas em bares imundos; suga pastas de hortelã para ludibriar a mulher do cheiro de cigarros que prometeu deixar de consumir. Faltou no serviço porque foi a um churrasco consumir carnes de aparência suspeita. Consumiu energia numa partida de futebol com jogadores pés-rapados.
Consumiu descaradamente o que não necessitava e, quando foi obrigado a transferir para a mulher os gastos de tanto consumo, esta, já possuída pelo rancor e a convivência com um marido fracassado, tentou devolvê-lo para a sogra, responsável pela existência de um ser tão consumidor.
Corroeu o fígado, destruiu o cérebro quase isento de massa, driblou a fala mansa de quem há muito tempo perdeu a credibilidade na praça, uma praça empanturrada de seres consumistas e inadimplentes.
Crônica do livro “Um pindaíba nunca está sozinho”
publicado em 29/03/2014