Contexto educacional: iniciando um diálogo sobre a prática docente e a linguagem oral
No atual contexto educacional vivenciado por nós, em que a democratização do acesso ao conhecimento impulsiona a escola a criar espaços que viabilizem a formação de sujeitos cidadãos, na dimensão política e pedagógica da participação, não se pode fechar os olhos à necessidade de se trabalhar sistematicamente com a língua falada em sala de aula, uma vez que a mesma traz consigo uma estreita relação com a sociedade e com a cultura daqueles que a utilizam.
A partir de reflexões da minha prática docente de anos na educação básica, debrucei-me sobre os encaminhamentos pedagógicos das instituições de ensino nas quais trabalhei e, e constatei que, embora haja menção da importância do desenvolvimento de todas as habilidades linguísticas, em documentos oficiais, a exemplo dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e das propostas curriculares no processo de ensino e aprendizagem, não há subsídios para que os professores trabalhem sistematicamente com a oralidade em sala de aula. Esta questão tem aguçado minha curiosidade enquanto pesquisadora.
Assim, tratar da oralidade e da linguagem no contexto escolar é contribuir para a abertura de outras formas de compreensão da cultura e da subjetividade e, mais especificamente, abrir novas perspectivas para abrangência do processo de produção de conhecimento abandonando o sobre e adotando o com os professores, buscando dialogar com estes sobre suas concepções acerca da oralidade e seus usos e fazeres no contexto do processo de ensino e aprendizagem.
Tomar a oralidade como objeto de ensino envolve compreender sua adequação às práticas sociais, bem como perceber os discursos que nela circulam e seus mecanismos linguísticos, e assim considerar que se está trabalhando com a língua em sua realidade.