CONVERSANDO SOBRE A LÍNGUA E A FALA
Tânia Dantas
No que tange aos «valores» da língua tão mencionados por Saussure (1995) em seus estudos, pode-se dizer que eles interferem em todos os aspectos de funcionamento da língua e de sua utilização. Se, por um lado, o signo é formado, internamente, por um processo de oposição negativa, iniciado pelo significante e complementado pelo significado, a língua estabelece os elementos de oposição quando sofre a interferência da fala. Segundo tal visão, falar equivale ao exercício de pôr signos em lados opostos; é por meio desse processo que se constroem os discursos, fazendo, pois, uso das relações de oposição norteadas pela língua.
A língua, para o referido autor, possui uma natureza social e psíquica, ao passo que a fala passa pela subjetividade do falante; está carregada de particularidades. Apesar de todo seu esforço em estudar a língua separadamente, ele admite que não há funcionamento mais viável da língua senão através de sua apropriação por um falante. A fala está repleta de nuances peculiares de cada usuário, mas nem por isso é formada por elementos assistemáticos, pelo contrário, não há como elaborar uma fala (com intenções de comunicação) sem recorrer a um sistema de signos convencionados socialmente. Há que obedecer às regras de uma língua, para que o seu enunciado tenha sentido.
A fala, apesar de suas subjetividades, funciona semelhantemente à língua, que exige uma estrutura básica. Para que a comunicação seja, de fato, efetivada, o usuário precisa recorrer a signos linguísticos (vocábulos, palavras) compreensíveis no momento de sua fala, bem como é necessário que estes signos estejam organizados. Outrossim, a posição que cada um destes elementos ocupa nos enunciados é bastante significativa em determinadas línguas, por serem muitas vezes responsáveis pela manutenção do sentido. A simples mudança de posição de um termo em um enunciado pode gerar ruído na comunicação entre os usuários. Ocorre que, ao mudar de lugar, o signo pode ganhar um novo sentido.
Desse modo, a fala, apesar de suas subjetividades, funciona semelhantemente à língua, que exige uma estrutura básica. Para que a comunicação seja, de fato, efetivada, o usuário precisa recorrer a signos linguísticos (vocábulos, palavras) compreensíveis no momento de sua fala, bem como é necessário que estes signos estejam organizados.
Portanto, cabe ao falante, estabelecer a dinâmica da língua, torná-la «viva», embora esta particularidade esteja, intrinsecamente, atrelada às regras ditadas pela cultura na qual está inserida, bem como à língua de que faz uso.
Referência:
SAUSURRE, F. (1995). Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix.