Cristina Loddi – Paulistana, com formação em Matemática. Casada, 2 filhos. Atuei na área de informática por 10 anos no Banco do Estado de São Paulo. Desde muito jovem já escrevia poemas e reflexões que foram surgindo da observação do comportamento humano. Em 1996 deixei a área de informática e passei a desenvolver trabalhos voluntários em diversas áreas. Há 9 anos tomei conhecimento da Síndrome de Williams, e em uma visita de Natal à ABSW – Associação Brasileira da Síndrome de Williams, conheci a Jô Nunes, passando a ser voluntária da ABSW. A partir de então, fui me engajando junto à essa e outras causas. Paralelamente, desenvolvo trabalhos na área espiritual. Há 3 anos, através de grupos fraternos dos quais participo, a escrita tomou uma dimensão maior, e passei a me dedicar com mais interesse. Há 2 anos, Jô me fez a proposta de escrever o livro Mãe Coragem.
“A principal mensagem que nós quisemos transmitir ao leitor, foi a de que devemos trabalhar os preconceitos e medos, trazendo a fé em Deus e a coragem como uma forma de passar por essa vida com determinação, ética, amor e fraternidade, na superação de tantas questões que são apresentadas para o nosso aprendizado pessoal.”
Boa Leitura!
SMC - Escritora Cristina Loddi, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos como surgiu a oportunidade de participação no livro “Mãe Coragem - Convivendo com a Síndrome de Williams”?
Cristina Loddi - Há 9 anos tomei conhecimento da Síndrome de Williams através de uma campanha de Natal, na qual me engajei com uma sobrinha. Sem saber a quem oferecer a grande quantidade de brinquedos arrecadados, perguntamos a uma ou outra pessoa, sobre uma instituição que pudesse recebe-los. Minha mãe nos apresentou a Jô Nunes e realizamos a festa de Natal da ABSW – Associação Brasileira da Síndrome de Williams. Nesse mesmo dia, me ofereci para ser voluntária da casa, mas o voluntariado não surgiu de imediato e nos distanciamos por um ano. No Natal seguinte, surgiu a ideia da arrecadação de brinquedos, novamente. Fiz uma pequena campanha entre amigos, e procurei novamente a ABSW. Somente a partir desse segundo ano, me tornei trabalhadora da associação. Afeiçoei-me muito à Jéssica e à Jô Nunes. De voluntária passei a amiga. No ano de 2010, Jéssica veio a falecer por complicações no transplante cardíaco. Como eu havia assumido outras atividades em paralelo, afastei-me um pouco do trabalho na ABSW, e passei a me dedicar à escrita. Nos reencontramos após um ano. Jô me contou o desejo de escrever o livro. Como eu já estava desenvolvendo o trabalho de escrita nos grupos fraternos, me ofereci para ajudá-la. Ficamos um ano trabalhando juntas. Finalmente no mês de janeiro de 2014, iniciamos os contatos para viabilizar a publicação.
SMC - Vocês já tinham pautado o enredo para construção do livro, ou ele foi se moldando na medida em que o livro ia sendo escrito?
Cristina Loddi - Costumo dizer que foi muito fácil abraçar o trabalho com a Jô, pois ela tinha o enredo completo gravado na memória. Existia pouca coisa escrita, e eu não escrevi um roteiro antes. Simplesmente fui escrevendo, baseada nas memórias da Jô. Ela sabia exatamente tudo o que deveria ser escrito para a divulgação da Síndrome de Williams, que trouxesse uma palavra de amparo aos familiares de pessoas com SW. Apesar de ter sido meu primeiro livro, eu também tinha a intuição de como deveríamos desenvolver o trabalho, para que ele pudesse ser sensível, sem ser piegas. Para que ele pudesse ser maduro e trazer essa força em suas linhas e entrelinhas. Jô Nunes e eu formamos uma ótima parceria. Em nenhum momento durante o desenvolvimento do trabalho, tivemos qualquer tipo de dúvida ou discordância. O projeto fluiu com muita inspiração e trabalho de equipe.
SMC - O livro é baseado em fatos reais, em quanto tempo o livro foi escrito?
Cristina Loddi - Sim, o livro é baseado no período da vida de Jô, entre o nascimento e desencarne de Jéssica, que nasceu com Síndrome de Williams. Nós escrevemos o livro em um ano, com encontros periódicos, geralmente, uma vez por semana.
SMC - Você fala que a escrita do livro transformou sua forma de pensar, qual a principal mensagem que o livro quer transmitir ao leitor?
Cristina Loddi - Apesar de já estar trabalhando há tantos anos com voluntariado, em diversas instituições, e principalmente, ser amiga de Jô há oito anos, a escrita da biografia criou um forte laço entre nós. Precisei ter uma empatia muito forte com os sentimentos de Jô, para que pudesse externa-los, de modo que, as pessoas ao lerem o livro, “ouvissem a voz” dela, e não a minha.
Em todas as páginas desse livro, você encontra a personalidade da “Cris”, até porque, eu e Jô temos pensamentos semelhantes, temos sintonia muito parecida, o que torna a fluidez do trabalho muito melhor.
O livro foi transformador, na medida em que, apesar de termos realidades tão diferentes, durante os relatos dela, eu consegui colocar os meus sentimentos. Muitas vezes, eu escrevi antes mesmo dela falar, e ao lermos juntas o texto, ela me dizia: irmãzinha, como você conseguiu ler a minha alma?
Isso é sintonia e a sua manifestação é transformadora!
A principal mensagem que nós quisemos transmitir ao leitor, foi a de que devemos trabalhar os preconceitos e medos, trazendo a fé em Deus e a coragem como uma forma de passar por essa vida com determinação, ética, amor e fraternidade, na superação de tantas questões que são apresentadas para o nosso aprendizado pessoal.
SMC - O que é a “Síndrome de Williams”, conte-nos um pouco sobre ela?
Cristina Loddi - A Síndrome de Williams é uma rara desordem genética frequentemente não diagnosticada. Não é transmitida geneticamente. Não tem causas ambientais, médicas ou influência de fatores psicossociais. Tem impacto sobre diversas áreas do desenvolvimento, incluindo a cognitiva, comportamental e motora. Estimasse que 1 em cada 20.000 crianças nasçam com SW. Foi descrita pela primeira vez em 1960 por um médico neozelandês, Dr. J. C. P. Williams, quando verificou que um grupo de pacientes pediátricos possuía sintomas parecidos, problemas cardiovasculares, rostos com características semelhantes, atraso mental moderado, dificuldade para ler, escrever e efetuar operações matemáticas. Alguns possuíam extraordinário talento musical com alta noção de ritmo. Afeta tanto homem, quanto mulheres. Podem ocorrer em qualquer lugar do mundo e em qualquer grupo étnico. A maioria das crianças tem grandes dificuldades de alimentação no primeiro ano de vida, incluindo vômitos, recusa de alimentação, podem mostrar grande irritação e chorar excessivamente. Geralmente apresentam uma face característica (descrita como a de um duende): nariz pequeno e empinado, cabelo encaracolado, lábios cheios, dentes pequenos, sorriso frequente.
SMC - Onde podemos comprar o livro?
Cristina Loddi - O livro pode ser encontrado através do site www.asabeca.com.br
Devido a renda do livro ser beneficente, nós damos preferência para que as pessoas adquiram o livro conosco, através da página Mãe Coragem – Convivendo com a Síndrome de Williams, no facebook.
Direcionamos a renda, à divulgação da SW, através do trabalho que Jô Nunes realiza com as pessoas com Síndrome de Williams e seus familiares.
SMC - O que é a “ABSW - Associação Brasileira da Síndrome de Williams”?
Cristina Loddi - A ABSW foi fundada em 9 de fevereiro de 2002. No início eram pais e mães de filhos diferentes, que sozinhos tentavam compreender esse universo, encontrando-se nos corredores dos hospitais. Tinham o diagnóstico tardio, e muitas vezes errado, ocasionando o tratamento precário. Então surgiu a ideia de fundar a ABSW, primeira entidade filantrópica com o objetivo de dar apoio e suporte as pessoas com SW e seus familiares no Brasil.
Objetivos:
Orientação sobre a importância fundamental e a viabilização no serviço público dos testes para diagnosticar com segurança a SW e realizar todos os tratamentos existentes, além de avaliações e testes pedagógicos e neuropsicológicos;
Melhora da qualidade de vida das pessoas com SW, promovendo campanhas de esclarecimento quanto às suas reais possibilidades de incluir-se na rede regular de ensino, em cursos profissionalizantes, no mercado de trabalho e em todas as atividades da sociedade a qual pertence;
Identificação de serviços e profissionais de instituições de ensino e pesquisa que possam atender as pessoas com SW;
Reuniões mensais para orientações, além de terapias em grupos e individual;
Orientação, por meio de visitas, para toda a comunidade escolar sobre a inclusão, aprendizagem e adaptações do currículo escolar;
Lutar por uma sociedade inclusiva – garantia dos direitos e deveres;
Participar na elaboração de políticas públicas para PcD;
Inclusão social por meio de passeios em parques, museus, teatro entre outros centros culturais;
Que ao nascer uma criança com SW o profissional neonatal tenha condições de diagnosticar corretamente e precocemente, evitando desta forma comprometimento geral de saúde;
Organização um Cadastro das pessoas com SW afim de mapear suas necessidades.
SMC - Como as pessoas devem fazer para conhecer melhor a Instituição?
Cristina Loddi - Poderão conhecer e acompanhar as atividades da ABSW através de todo Brasil pelo site www.swbrasil.org.br
Através das páginas no facebook:
Absw Síndrome de Williams
SW_Capital SP
E ainda curtindo a página do livro Mãe Coragem – Convivendo com a Síndrome de Williams.
Adquirindo o livro por R$ 35,00, estarão contribuindo na divulgação e amparo das pessoas e familiares de SW.
Periodicamente são realizados encontros regionais por todo Brasil e almoços beneficentes com o intuído de arrecadar fundos para a ABSW.
Esses eventos são amplamente divulgados nos links sugeridos.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?
Cristina Loddi - Minha participação no mercado literário ainda está começando, e não tenho muita base para dar essa resposta com segurança. Mas, pela pouca experiência que venho adquirindo como escritora, e também como leitora, posso afirmar que as pessoas devem ser estimuladas ao hábito da leitura desde tenra idade, através da família, escola e mídia.
Nosso país vem passando por uma crise econômica e cultural. A maior parte da população não tem condições financeiras e tão pouco o hábito da leitura. Devido a esses fatores, o preço dos livros deve ser baixo, para estimular a compra. Em contra partida, os custos com a impressão e publicação de livros é alta. O que percebo é que um escritor não consegue viver apenas da área literária, assim como ocorre em tantas outras áreas culturais no Brasil.
SMC - Quais são seus próximos projetos na área literária?
Cristina Loddi - No primeiro semestre de 2014, paralelamente ao livro Mãe Coragem, trabalhei na publicação do livro Advérbios Cotidianos, que tem o mesmo objetivo beneficente. Foi lançado na semana passada e já está à venda através dos mesmos links citados anteriormente.
Nesse momento, estou trabalhando como Ghost Writer em mais uma biografia, ainda sem título, que deverá ser publicada até o final de 2014.
Com Jô Nunes, tenho diversos outros projetos a serem desenvolvidos, todos com foco no assunto “Síndrome de Williams”.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritor Cristina Loddi, que mensagem você deixa para os nossos leitores?
Cristina Loddi - É elementar: um país que não investe em educação e cultura, poderá com o tempo ser vítima de seu próprio descaso. Precisamos ensinar nossas crianças o hábito da leitura, do estudo e reflexão.
Principalmente em relação à temática desenvolvida através dos livros que tenho escrito, precisamos abrir novos horizontes, isolando preconceitos e trazendo discussões do interesse de toda a sociedade, estimulando a ética e cidadania. Necessitamos rapidamente reverter o quadro cultural e social de nosso país, pois sem esses estímulos poderemos nos tornar um país doente. Nós, escritores e leitores, fazemos parte integrante de todo esse processo.
Participe do projeto Divulga Escritor
https://www.facebook.com/DivulgaEscritor