DÁ CÁ UM ABRAÇO!
Quando foi a última vez que você abraçou ou foi abraçado? Um abraço de verdade, apertado, espontâneo, sincero?
Embora o povo brasileiro seja considerado expansivo e desinibido, os contatos físicos entre nós andam cada vez mais escassos.
Aquele “olho no olho”, o ouvido interessado e livre dos fones, o tapinha camarada nas costas e outras atitudes muito comuns no mundo presencial, estão cada vez mais ausentes no universo virtual e tornando mais frequente as relações superficiais, nos afastando dos abraços, beijos e carícias desprovidos de interesse que não seja sexual.
O toque é terapêutico! As pesquisas científicas comprovam seus benefícios e seja ele fraternal ou apaixonado, é capaz de confortar, aliviar o stress, abrandar o coração, melhorar o humor, reduzir a dor, aplacar o sofrimento, estimular o entusiasmo pela vida e por aí vai.
Os ganhos psicológicos dessa troca de energia são tamanhos, que este deveria ser um hábito cultivado por nós desde sempre, como lavar as mãos após usar o banheiro e escovar os dentes depois das refeições.
Mas infelizmente não é assim. Tabus, preconceitos, excessos de cerimônia, exageros de polidez, regras rígidas de criação, prevenção contra abusos às crianças e mais uma lista enorme de razões nos impedem de sair por aí abraçando, beijando e acariciando o próximo e nos comportamos na defensiva, resistentes ao toque alheio e tolhidos de extravasar o nosso, por ser considerado feio, invasivo, ridículo, constrangedor, coisa de “mulézinha” e outros enquadramentos indelicados incabíveis neste texto.
Talvez o fato de estar faltando aproximação e afeto explique em parte as barbaridades impensáveis desse nosso mundo egoísta, agressivo e violento.
Talvez se tivéssemos mais braços sobre os ombros, mãos dadas, doses cavalares de beijos, sorrisos escancarados e abraços desobrigados o mundo se tornasse mais caloroso e amável.
Talvez!
Por Téia Camargo
Link do blog onde foi publicado a crônica originalmente: https://blogfv.com.br/da-ca-um-abraco/