Decisão de sim e de não
Mais uma noite estou só, na casa, na mesa, na cama. O silêncio abraça-me, com seu poder de sedução. Impossível desvencilhar-me, porque embora eu fuja, ele me laça, me enlaça, me abraça e me aperta possessivo. Não o quero. Ele é quem me quer e me subjuga.
Contudo, decidi. Ele está comigo, porque é solidão. É um olhar e nada se mexe ao redor, mas não serei solitária. Decidi gostar de estar comigo, embora preferisse estar contigo a cada segundo. Do acordar sorrindo no bom dia, do "Deus te guarde", a cada saída à rua, até o "Dorme bem, meu bem.", a todo silêncio do sono.
Queria que nada tivesse mudado. Queria a rotina que entedía. Queria caminhar e parar de cansaço no mesmo lugar do mesmo caminho. Queria dar-te as mãos e seguir as mesmas alamedas, sem me importar suas cores fossem de outono ou de primavera. Fossem de arco-íris ou de tormenta. Queria só estar contigo. Só contigo e não só. Queria, queria, queria... Queria esse impossível. Se é impossível, sempre seguirei, apenas, querendo sem realizar.
Se tenho que estar só, preciso gostar de minha companhia, para não viver e não dormir com inimigo.
Estarei só, mas não serei só. Tenho espelhos, embora, muitas vezes, eu sei, não me agradarei da face contemplada. Fazer o quê? Buscar amá-la. O amor traz a visão do outro. Carente, sofrido e desapercebido. O amor olha para o alto, de onde vem o socorro. O amor toca, ouve, abraça, abre os olhos daqueles que quere ver. O amor melhora e nos melhora. "Afinal, o que é o homem, se não tiver amor?" Pergunta-afirmativa do Mestre dos Mestres.
Hoje, encerro esse ciclo de palavras. desabafos de dor, tristeza e solidão. É um anel que se fecha sem sorrisos de promessa e compromisso futuro. Entretanto, se fecha, sem promessas de voltar a juntar letras, para formar palavras, que, agora, se juntaram e disseram essa última crônica.