DIÁLOGO SOBRE SITUAÇÕES INTERACIONAIS
Tânia Dantas
A língua falada é praticada em variadas situações interacionais e isso ocorre durante toda a vida do falante. Desse modo, expressar-se oralmente é inserir-se socioculturalmente em uma determinada realidade. Nas situações de fala, articulam-se sons significativos, auxiliados por entonações, por gestos, por expressões faciais e corporais, mas, sobretudo, encontram-se também neste ato enunciativo as intenções e os discursos.
As falas possuem sempre uma intenção de relacionar-se, de participar algo a alguém: se uma pessoa pergunta, espera uma resposta; se pede, deseja ser atendido, se declara, aguarda uma reação, mesmo uma que seja divergente. A oralidade requer o coletivo; não acontece isoladamente.
Um juízo de valor sociocultural e histórico separa a língua escrita da falada, o que interfere consideravelmente na forma como os usuários concebem a oralidade. O aspecto fugidio da língua falada a torna volátil e espontânea, mas a torna na mesma medida mais dinâmica e menos previsível.
Enquanto isso, a escrita oralizada passa por um processo diferente. Não há aí uma improvisação da fala, mas a leitura de um enunciado escrito, seguindo, portanto, as demarcações da língua escrita. A língua falada serve, neste caso, mais como um suporte, um meio para que a mensagem escrita seja veiculada.
A língua falada em nossas escolas, na maioria das vezes, está resumida a esse tipo de processo, o de repetir oralmente os enunciados escritos nas páginas dos livros.