DIFERENÇAS NÃO AUTORIZADAS
Por não saber lidar com as diferenças, o ser humano cria leis, prevendo a igualdade.
Se analisarmos os fatos com um pouquinho de profundidade, descobriremos, sem muito esforço, que somos seres singulares, como nossas impressões digitais. Dessa forma, não precisaríamos de leis, se houvesse respeito aos pares. Muitos procedimentos burocráticos poderiam ser evitados, se vivêssemos um pouco da ÉTICA DA VIDA.
A questão é: “Que diferenças são autorizadas pela espécie humana?” Sim! Que diferenças são autorizadas?
Podemos verbalizar nosso sentimento de preocupação em relação aos marginalizados, aos oprimidos, aos que sofrem... aos invisívei... aos que dormem e se drogam embaixo das pontes... aos idosos... aos “leprosos” do século XXI, aos portadores de doenças contagiosas... aos que não se encontram sob os padrões ditados pela sociedade... e, até, aos que ainda nem nasceram...
No discurso, podemos nos solidarizar com todos os que se encontram “à margem” da sociedade. Sinceramente, até hoje em dia, tento descobrir quem inventou este termo, pois os meridianos parecem ser mais visíveis do que a linha social imaginária, criada pelo “politicamente correto” discurso humano.
Que cada pessoa realize sua análise pessoal, assim como faço agora a minha...
Naquela sexta-feira, no Shopping lotado, Jonas foi apresentado a mim, por sua babá (minha aluna na época!)
Sem dizer uma palavra, o garoto especial abraçou-me fortemente; senti a energia de seus bracinhos e a beleza de seus olhos brilhantes... atravessando minha alma, no instante do encontro. Nada me perguntou... apenas sorriu e me deu um beijo... um beijo-beijo (verdadeiro), com toda a emoção do momento.
Jonas não questionou meus defeitos, meus delírios aceitáveis, minhas neuroses autorizadas...
Joanas foi apenas amigo: puro, simples, carinhoso e compreensivo... amigo por quinze minutos, quando teve de ir embora com lágrimas nos olhos. Não sei o que viu através de minha alma, mas ele me aceitou, INCONDICIONALMENTE.
Outro dia, ao passar pela Praça da Sé e encontrar um artista de rua (Adoro artistas de rua! Acalmem-se, pois o Anjo da Praça ganhará outra crônica! Isso é ótimo... Estou com várias crônicas por fazer! Repertório vasto de situações...) Por fim, retornando ao menino... vi, na personagem escolhida pelo artista, a figura de Jonas, pequenino autista, com rostinho celestial.
Tanto o artista-Anjo, quanto o menino-Anjo fizeram-me pensar a respeito desse milagre chamado VIDA e das pessoas em geral: tão criteriosas, mas, ao mesmo tempo, tão distraídas...
Os critérios da diferença são, muitas vezes, incompreensíveis...
Somos diferentes nas crenças, nas posturas ideológicas, nos gostos, nos desejos, nas impressões... Somos diferentes até na maneira de encarar a diferença! Isso deveria amortizar o impacto causado pela ausência de uma perna, de um braço, de um gene, ou de uma atitude inesperada, de um costume diferente. Em que proporção os fatos citados, realmente, fazem a diferença?
Somos singulares como nossas impressões digitais... Isso deveria tornar toda DIFERENÇA AUTORIZADA! Pertencemos à ETNIA HUMANA. Por que a complicação?
Fui muito enfática?! Perdoem-me!Como pertencente à ETNIA HUMANA, também possuo necessidades especiais! Respiro, vivo, sofro... tenho minhas impressões digitais, diferentes dos que me rodeiam! Sou única! Vivo!
MIRIAN MENEZES DE OLIVEIRA
Página da colunista
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