DINHEIRO ATRAI
O dinheiro atrai. Atrai seres estrambólicos em busca de um punhado de ilusão. Aventura e desventura num mundo artificial. Atrai mansões cujos habitantes podem se transformar em robôs, máquinas passíveis de virar ferragens.
Atrai o riso; em seguida, mancha o sorriso. A trapaça e tramoia, adota o engodo,compra o júbilo e paga a prazo. Atrai o preconceito, produz intolerância.
Mas, o dinheiro não alivia? Esse frágil alívio? Que escancara a mentira na face lavada? Ele lava ou lambuza a face? Não é o dinheiro que cria uma espécie de bolha? Antes fosse de sabão!
Compra flores, mas não emoção; atrai mais imprudência do que decência. Abre portas, sacode portas. O dinheiro não atrai o arco-íris, nem o sorriso perene da criança; mas é capaz de vedar os olhos do homem. Falha naquilo que por si só é perfeito – o nascimento de um ser, a fruta intacta no pé. Dinheiro não possui voz, não pode aconselhar ou acalentar, não tem temperatura.
É como a lama, essa mistura de terra com água, pode escorregar num piscar, e dependendo da queda, é capaz de maculara alma e o olhar.
Texto do livro “Um pindaíba nunca está sozinho”