Divagações sobre os seres humanos e os bichos - por Silva Neto
Entre os seres vivos o homem ocupa o topo da pirâmide, isto, do ponto de vista da capacidade evolutiva da espécie. É racional, possui inteligência dedutiva, utiliza-se da razão para separar o bem do mal, evolui descortinando o mundo material para viver cada vez melhor. Os ditos cientistas caminham à frente dos demais seres fazendo pesquisas, utilizando-se de métodos rigorosamente científicos para assim serem validadas e reconhecidas suas descobertas em prol da humanidade. .
Que belo, útil, e generoso gesto entre as páreas de nossa raça!
Será que os ditos inteligentes e racionais comportam-se dignamente fazendo jus estarem no topo dessa cadeia animal? Vemos todos os dias exemplos de inferioridades entre nossa raça humana que nos colocaria bem abaixo dessa pretensa classificação. Senão vejamos:
Somos orgulhosos, egoístas, invejosos e ciumentos, defeitos que se contrapõem à inteligência e à racionalidade de que nos são outorgadas.
O orgulho e o egoísmo são as chagas da humanidade, não menos o ciúme e a inveja. Deles derivam o materialismo e o desamor. A inveja e o ciúme são os estopins das guerras fatídicas e discórdias entre as famílias, os casais, os amigos, os vizinhos, os colegas, as nações. Desavenças, tramas, intrigas, brigas e mortes, entre os que se dizem inteligentes e racionais, prendem-se a estes quatro motes da maldade humana. O orgulho gera o preconceito, o egoísmo, a posse desmedida, evoluindo para o materialismo irracional, a ganância, a incapacidade de dividir, de ceder, de servir, de amar ao próximo, mesmo aos componentes da própria família. Assim caminha a humanidade, evoluindo materialmente a mil por hora, enquanto moralmente, quase imperceptível.
E OS ANIMAIS?...
O que fazem para serem taxados de irracionais?
Será que merecem tamanho epíteto preconceituoso?
Às vezes temos uma visão inversa do mundo que nos rodeia. Ao descobrir um planeta, Marte, por exemplo, nunca o homem o vê do ponto de vista do que foi, e sim, do que poderá ser no futuro. Nossa visão prende-se a Terra, planeta em evolução. Assim, vemos os ditos irracionais como seres que podem progredir, até efetuar mutações para seres humanos, como falar, vestir-se e se comportar como tal.
Mas, quem nos prova serem os animais menos evoluídos que os humanos?
Será que eles, semelhantes a planeta em exaustão, não dormitam na inércia ante o que já foram?
Hoje, eles não têm ambição, não usam mais que o necessário para sobreviverem. São previdentes, guardando seus alimentos nas estações chuvosas, (as formigas). Constroem seus ninhos engenhosamente para proteção de seus filhotes das intempéries, (o João de Barro). Cuida e servem aos seus donos com extrema lealdade (os cães) em troca, unicamente, do alimento. Agem como se já tivessem aprendido a regra do bem-viver.
O materialismo inexiste entre eles. Não juntam bens, e quando produzem alimentos, seja em grupo ou sozinhos, fazem melhor que o homem (a abelha, o bicho da seda).
Se o animal briga, é só para defender sua cria, seu alimento, seu território, sua fêmea, seu dono.
Mata, para alimentar-se e alimentar seus filhotes respeitando o controle natural, dentro da cadeira produtiva, sem ser condenado a crime algum.
Sem luxo, anda ao pelo, trocando de vestimenta (sempre a mesma) periodicamente. As aves, como o pavão, a garça e os pássaros coloridos vestem-se maravilhosamente bem sem acumular débitos em Cartões de Créditos.
Não usa dinheiro em troca, nem briga por petrodólares.
Anda nu ao pelo sem pudor, copulam (somente quando estão no cio), parem seus filhotes sem precisarem de plano de saúde, nem maternidade. Ao céu aberto fazem suas necessidades fisiológicas sem a necessidade de privada ou (toalete), cobrindo com areia, (o gato), apenas por razões higiênicas, coisa que os humanos, muitas vezes, nem dão descargas nas privadas, quando usam, ou lavam suas próprias mãos ao saírem dos banheiros.
As galinhas rodeiam o galo em bandos, sem briga entre elas, e sem serem chamadas de “putas”, ou quaisquer outros pejorativos, já que seus nomes próprios são galinhas, mesmo.
O veado, se é que tem dupla sexualidade, é assim chamado, sem preconceito algum, desde tempos imemoriais.
O cachorro, num olhar, calcula a velocidade dos automóveis, distância e tempo para cruzar a via pública sem ser atropelado, (mesmo não estudando cálculos), e quando o é, somente por culpa do motorista por ter adiantado a velocidade.
O gato doméstico não tem serventia alguma, e dizem que servem para pegar ratos. Ora, se o fosse, seria selvagem e não doméstico, pois a ração que come é outra.
“O homem domestica o papagaio ensinando-o a falar para chamá-lo, mais tarde, de “filho da p.”, ‘‘corno”, ou avisá-lo da presença do “urso”, entre outras coisas mais, já que não pode ir pra cadeia, nem sofrer torturas por crime de difamação, (aliás, já está com uma corrente presa ao pé).
O macaco sorri da cara do dono, faz tripolias e o próprio dono nunca o chamou sequer de palhaço, (é masoquista mesmo).
Tentam humanizar os animais, principalmente os cães, colocando roupas, sapatos e adereços ridículos, atribuindo nomes humanos, paparicando-os, talvez, por sentirem inveja de suas Inteligências racionais.
Ainda ontem vi um da raça “Beagle” usando sapatos. Lembrei-me de meu primeiro par de sapatos, quando criança, usado naquela festa de natal dos anos sessenta, que me deixou quinze dias de tornozelo inchado. E não era “cavalo de aço”, moda existente na época!
Chamam a Dilma de Anta, o Lula de Sapo Barbudo, bem como, QI de ameba aos que têm memória curta, injustamente, pois, os animais são mais racionais que o homem.
São, ou não são?... Querem provar?
Alguém já leu A Fábula de Esopo – No tempo em que os bichos falavam?... Ou, “A Bicharia” do cordel “Glosas Sertanejas”, de Luiz Dantas Quezado (nascido em 1850, em Antenor Navarro-PB), quem sabe, bisavô de Patrícia Dantas?
Leiam e tirem suas conclusões.
João Bezerra da SILVA NETO – Colunista do DIVULGA ESCRITOR - e-mail: joao.digicon@gmail.com
Publicado em 06/05/2014