Jogo de Sombras
Embrenhou-se na noite
Percorrendo ruas estreitas e vielas que, apesar de familiares,
Ganham novos contornos
Neste choque entre a escuridão e a luz artificial,
Que escorre mortiça dos esguios candeeiros de rua,
Projetando sombras de formas mutáveis
Mas que, ainda assim, o perseguem incessantemente
E despertam-lhe memórias, há muito proscritas,
De outra madrugada
Que desfez sonhos inconfessos
E em que a sombra que avançava destemida na noite,
Como um único vulto,
Para sempre se separou em dois
Envolto em tais pensamentos,
Chega ao final deste tortuoso caminho,
Desembocando no seu destino
Onde, iluminada pelo luar que irrompe pela praça,
Ela o aguarda serenamente,
E ele, percebendo enfim que este era um novo começo,
Avançou