Edgar Ferreira Diniz Junior, Poeta cordelista e Professor na escola estadual Guedes Alcoforado com aulas de História, sociologia, filosofia e Cordel.
Natural de Patos na Paraíba. Há 20 anos radicado em Pernambuco, Brasil.
Licenciado em História com pós-graduação (Lato sensu) em História do Nordeste.
Desde 2006 atua na área da educação com aulas de Literatura de Cordel, com o projeto EDUCANDO EM CORDEL que visa as escolas, a arte da poesia e a possibilidade de utilizá-la como forma pedagógica.
HISTÓRICO CULTURAL
Membro da União Brasileira dos Escritores (UBE) Núcleo Paulista, Pernambuco, Brasil, da Academia de Letras e Artes do Paulista (ALAP) e da União Pelo Cordel de Pernambuco (UNICORDEL). Através de recitais, palestras e oficinas participa de inúmeros eventos, tanto na capital como no interior do estado com o objetivo de divulgar a literatura de cordel para as novas gerações.
POEMAS
SE VOCÊ VOLTAR MAINHA
“Mainha” eu te escrevo
Pois me bate a saudade
São palavras simplezinha
Mas puras e de verdade
Quando você foi embora
Partiu nessa mesma hora
Um pedacinho de mim
Bem tristinho eu fiquei
Me desculpe se errei
“Sô” apenas um “meninim”
Se você voltar “mainha”!
Toda manhã eu te beijo
Trago rosas lá do mato
E te encho de desejo
Desejo “pr´ocê” ficar;
Nunca mais vou te largar
Vou grudar no teu cangote
E quando “ocê” me chamar
Do seu lado eu vou estar
Antes que a senhora note.
Declaro minha mãezinha
Não vou mais lhe “aperrear”
Tomar banho no riacho?
Só “s´a” senhora deixar.
Vou me deitar bem “cedim”
Roubar fruta do “vizim”?
Juro, num faço mais não.
Quando contigo andar
Prometo num vou soltar
Mais nunca de tua mão.
Quando “ocê” adoecer
Te preparo um “remedim”
Lavo os pratos do almoço
De manhã corto o capim;
Dou comida pras “galinha”;
Quando for de tardezinha,
Se a senhora melhorar;
Boto o rádio lá no quarto
Calo os bicho do mato,
“Mode” a senhora rezar.
Se você voltar “Mainha”
Prometo me comportar
Quando num tiver comida
Nunca mais eu vou chorar
Vou me deitar pra dormir
Pois assim não vou sentir
Fome e nenhuma fraqueza.
Quando um dia eu crescer
Nunca mais quero te ver
Vivendo dessa pobreza
Quando crescer mamãezinha
Não vou ser feito “Paim”
Que um dia nos deixou
Numa tristeza sem fim
Quero ver “ocê” velhinha
“Acentada” na cozinha
“Desbuiando” o feijão
Quando em casa eu chegar
Do trabalho, vou te dar
Um “xero” no coração.
“Mainha” não quero mais
Morar com minha madrinha
Não tenho onde dormir
Quero é minha caminha,
Os seus contos escutar
No teu colo me deitar
E ficar fazendo manha
Quando o meu lençol cair
Num quero nem me bulir
Deixo “c´a” senhora apanha.
Pede pra Papai do Céu
Para a senhora voltar
Se eu levasse a Mãe dele
Sei que num ia gostar.
Quero ver o teu sorriso
Se quiser eu improviso
Uma frase bem bonitinha
E vou pro céu te mostrar
Pois aqui só vou ficar
Se você voltar “Mainha”
SAUDADE
Saudade é teimosia
Que insiste em não partir
Se mete no “mei” da gente
Querendo nos consumir
Quanto mais a gente expulsa
Mais ela não quer sair
Querendo nos iludir
Ela dá falsa esperança
Rir da nossa inocência
Chama a gente de criança
Penetra na nossa mente
Que é chamado de lembrança
Deixa sempre sua herança
Mesmo depois de morrer
Um perfume pelo vento
E ela volta a viver
Detalhes tão pequeninos
Pra saudade renascer
Impossível não se ter
Em nossa curta jornada
Pra quem vive na cidade,
Numa ilha isolada
Vai sentir da mesma forma
No percurso da estrada
É doença inacabada
Que vai além da partida
Não existe medicina
Que cure essa ferida
Se aloja no coração
Fazendo dele guarida
Deixa a mente entorpecida
Jurando ser à verdade
Um ébrio pela calçada
É parte dessa saudade
Cada louco alucinado
Vive nessa insanidade.
É estranha essa “saudade”
E a “vontade de esquecer”
Um imenso antagonismo
Como a morte e o viver
Pode até sentir os dois
Mais não pode escolher.
Ver um ente padecer
Partindo o que é seu
Depois arrumar o quarto
Do filho que já morreu
É saudade angustiante
De tudo que não viveu
Se você já se esqueceu
De um amor que foi verdade
A saudade num instante
Vem trazer pra ti saudade
Pois pra ela não existe
Nem o tempo, nem idade.
Decifrar o que é saudade
Não é coisa impossível
Entender é outro caso
Nesse caso incompreensível
A saudade na essência
Faz parte do invisível
Sentimento divisível
Hora inferno, hora céu
Feliz daquele que sabe
Entender o seu papel
E foi por não entender
Que eu fiz esse cordel
E nessa dúvida cruel
O meu peito se contrai
Então lanço uma pergunta
Que da cabeça não sai
Qual é a maior saudade:
De quem fica ou quem vai?
Trecho de Para meu Pai
É TRISTE O DIA DOS PAIS
SEM TER PAPAI DO MEU LADO
O meu Pai já foi embora
Deixando apenas saudades
Não me ensinou as verdades
De um mundo que devora
Se o meu peito hoje chora
E amanhece mais calado
É lembrando de um passado
Que eu sei não volta mais
É TRISTE O DIA DOS PAIS
SEM TER PAPAI DO MEU LADO
Mote: Ismael Gaião
Poesia: Edgar Diniz
10/08/14
Soneto para meu Filho
Meu caminho é o teu, onde tu fores.
Os teus passos fui eu que desenhei
Noutro plano em sonho te encontrei
Em um campo de luz e belas flores
- Meu amigo. Assim que te chamei
Caminhemos nos risos e nas dores
Repintando na vida nossas cores
Num encontro que eu sempre sonhei
Serei Pai e você será amor
Sangrarei para não sentires dor
E darei para ti a minha vida
E a jornada que foi tão bem vivida
Será palco também para partida
Te amando até quando me for.
Cordelista hábil com os versos e motes, contador de histórias, declamador e professor. No projeto Educando em Cordel, Edgar se propõe levar para as escolas a arte da poesia popular e as várias possibilidades dos jovens socializarem suas experiências, utilizando-se da poesia como ferramenta de expressão de ideias.
Um talento de Patos, PB, que a cidade de Paulista em Pernambuco o adotou, ou talvez, a cidade foi adotada por ele, desde a infância demostrou o dom pelo cordel, nos alegra com os seus contos nas nossas reuniões na Academia de Letras de Paulista, PE, enquanto isso também declama os autores e talentos nordestinos.
Parceiros: FUNDAÇÃO PALMARES, PATRULHA ESCOLAR,
FUNCULTURA, FUNESO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE PE.
Pesquisa e Comentários
Luis Eduardo Garcia Aguiar