Elisabete Salreta - Entrevistada

Elisabete Salreta - Entrevistada

Por João Paulo Bernardino - Escritor

 

Beth Salreta é uma amante da vida e da natureza.

Isso está bem presente em toda a sua escrita. Nela, pode-se sentir o amor pelos animais e a preocupação pelo próximo.

Fala-nos de sentimentos como se os tivesse vivido e mostra-nos que ser fraco, não é um sentimento desprezível, mas antes a prova de que cada um é diferente dos demais.

Viveu em África o que a ensinou a ser amante dos grandes espaço e da luz.

Estudou contabilidade, mas o seu sonho passa por tudo o que tem a ver com a vida e a natureza.

Como costuma dizer: “pinto com as palavras”.

Mora a norte de Lisboa, nas Lezírias, um espaço que a inspira.

Apenas com um livro editado (Jantar de fim de verão), tem muitos projetos na gaveta á espera do momento certo para os fazer chegar aos seus leitores.

 

“Tenho uma leitora que diz gostar de ler um dos meus livros sempre que está triste. Magnífico. Eu quero fazer chorar, rir, tremer, provocar emoções. Fazer os leitores se sentirem vivos. Parte da história. Querer ser um personagem. Andar na rua e tentar achar aquele personagem em cada pessoa que passa.”

Boa Leitura!

 

JPB - Obrigado Elisabete  pela oportunidade  que dás à DIVULGA ESCRITOR de te conhecermos um pouco melhor. Gostava que nos falasses resumidamente como te defines como escritora e quais os temas predominantes nas tuas obras?

Elisabete Salreta - Eu é que agradeço a vossa disponibilidade e a de todos os que lerem estas linhas. Celebro a vida, a conquista por um mundo melhor e mostrar que o amor ainda é possível. Criar sempre. É isso que me move. Ver algo se tornar grande e importante para alguém. Fazer a diferença na vida de alguém. Tenho uma leitora que diz gostar de ler um dos meus livros sempre que está triste. Magnífico. Eu quero fazer chorar, rir, tremer, provocar emoções. Fazer os leitores se sentirem vivos. Parte da história. Querer ser um personagem. Andar na rua e tentar achar aquele personagem em cada pessoa que passa. Nisso o autor tem sorte. Pode ser quem quiser. Vestir qualquer personagem. Acredito em histórias curtas e fluídas de fácil leitura.

 

JPB - Tendo sido o teu livro “JANTAR DE FIM DE VERÃO” publicado em plena crise implementada em Portugal, poderei chamar-te de uma “guerreira” que faz frente a um processo cultural deficiente?

Elisabete Salreta - É  pena que a sociedade esteja cada vez menos cultural. Mas, os que se interessam pela cultura são cada vez mais exigentes e isso é um desafio para os autores. Temos de ser verdadeiramente bons. Realmente, editar em Portugal é muito caro, o que faz com que muitos autores desistam e se percam boas obras. O preço final dos livros é proibitivo e a margem do autor muito baixa. É preciso gostar do que se faz. Para mim não foi diferente. Foi um desafio em termos pessoais. Contei com a ajuda psicológica da minha filha que sempre me apoiou. É um pilar para mim. Desisti de algumas coisas para poder levar este projecto adiante. Mas o "bichinho" ficou e agora o caminho é sempre em frente. Esta luta faz-se todos os dias, não só em termos monetários, mas também pessoais. A nossa sociedade não nos deixa tempo para a cultura, nem para sermos pessoas.

 

JPB - Sei que a vida e a natureza estão sempre presentes em toda a sua escrita. O que este teu romance “JANTAR DE FIM DE VERÃO” traz de mais importante e significativo em relação às restantes obras do género publicadas em Portugal por portugueses?

Elisabete Salreta - Tem sentimento. Tem verdade. Falo de uma gata, conhecendo gatos. Falo de uma árvore, sentindo-me ao abrigo da sua sombra. Eu calcorreei aqueles caminhos nos meus sonhos. Aqueles amigos foram os meus enquanto escrevi. É uma história plausível com personagens credíveis. Não tem fantasia embora seja uma história fictícia. É uma obra positiva, muito. Para um povo que tem o fado no coração (risos).Vivi em África, tenho uma outra visão da vida. Talvez mais simples.

 

JPB - É tua intenção editares em breve contos infantis e, assim, tal como gostas, poderes pintar as palavras. Sabendo que existe uma franja infantil que está em crescendo em Portugal, decidiste enverdar por esta área por oportunidade de mercado ou porque escrever para crianças te entusiasma verdadeiramente

Elisabete Salreta  - Escrever entusiasma-me. Ponto. As histórias infantis que tenho foram escritas para a minha filha. À noite ela dava-me um tema ou um mote e a partir daí era construída toda uma história. Normalmente tinha a ver com um acontecimento do dia, mas são factos que ocorrem com todas as crianças. Uma fala daquele trauma de quando um peluche vai para a máquina de lavar, ou o amiguinho que está  doente ou até sobre um sonho que me tenha contado. Todas as minhas histórias assentam na verdade e no sentimento. Escrevo sobre sentimentos.

 

JPB - Tens publicado os teus trabalhos no Facebook e participado em alguns concursos literários e Antologias (caso da “Café e Chocolate‘, editado pela Papel D’Arroz’). Agora, mais vocacionada para escrever contos infantis, pensas vir a ter uma maior visibilidade nas redes sociais e no mundo editorial português?

Elisabete Salreta - Espero conquistar o meu espaço como autora, seja de romance ou histórias infantis. As antologias em que participo e até os desafios e concursos literários, são uma forma de me dar a conhecer e de lerem o que escrevo. É um prazer cada participação.O Facebook é um veiculo ao nosso alcance que nos permite chegar a um grande número de pessoas. Só acho que por vezes são emitidas poucas opiniões. Não tenham medo de opinar. Isso é muito importante para o autor. Um gosto é mais uma estrela que brilha em nós. As editoras deveriam olhar mais para os novos autores. Não temos nome, mas podemos ser muito bons também. Apostem. Tenham a coragem.

 

JPB - Nathalie Sarrante afirmou “não costumo ler os novos autores”. Sendo tu uma jovem escritora, de que forma comentas esta frase no actual panorama português, sabendo desde já que consideras que ser-se fraco é um sentimento desprezível.

Elisabete Salreta - (Risos) Tenho pena dessa escritora. Está a perder tanta coisa boa. Ela e todos os outros que nos olham de lado, quando olham. Por vezes pego em certos livros desses autores de renome e digo cá para mim: « Por favor, gastaram papel nisto?» (Risos).

 

JPB - Grande parte dos livros e textos publicados são escritos por mulheres. Consideras ser uma forma de enigma ou porque nos conseguem transmitir uma visão mais cor de rosa do mundo?

Elisabete Salreta - A mulher é mais dada ao sentimento e tem uma maior facilidade em o expressar. Só isso. Além de que cada uma de nós é uma professora e uma cuidadora.  Também seremos mais(mulheres) como leitoras, não?

 

JPB - És uma escritora muito preocupada com o próximo, com o teu semelhante. O que consideras importante fazer-se em Portugal para promover escritores como tu?

Elisabete Salreta - As Editoras deveriam de disponibilizar anualmente uma cota para novos autores, de forma a terem oportunidade de mostrar o que valem, tendo as mesmas ferramentas.  As autarquias também podem e devem ter um papel activo na cultura. Depois temos outro problema. A divulgação. Aqui é importante a rádio, a televisão, os jornais. Estes também poderiam ter um espaço dedicado à divulgação semanal, por exemplo.  Os novos autores trabalham muito para se darem a conhecer. Esse tempo poderia ser usado para criar. Muitas pessoas desistem, não porque não tenham valor, mas porque não souberam chegar mais além. E a culpa não é delas. É de quem pode e nada fez.

 

JPB - Como te revês como escritora daqui a dez anos? Que tipo de facilidades e obstáculos tencionas encontrar ou contornar?

Elisabete Salreta – Daqui a 10 anos quero ter uma pegada bem delineada. Tenciono ter as minhas obras editadas também fora de Portugal e chegar a muitos mais leitores. Os obstáculos vão-se transformar em vitórias. As facilidades não existem. Para quem escreve por paixão, a vida não é fácil. São muitas horas. Os leitores nem imaginam. É muita entrega. Mas vou estar feliz. Tenho um amigo autor (Pedro Silva) que escreve:" Uma obra não nasce do nada. Brota do âmago do Autor. Suor e Lágrimas fazem parte da equação." É mesmo isto.

 

JPB - A nossa entrevista está a terminar e agradeço-te a honra que nos concedeste. Ainda assim, gostaria que comentasses se “ter talento é muito importante, trabalhar ainda mais mas ter padrinhos é de uma importância especialíssima” para se poder vingar no mercado editorial em Portugal.

Elisabete Salreta - Infelizmente em Portugal é preciso “padrinhos” para se singrar seja no que for. Poucos são os realmente bons por mérito. Espero muito sinceramente que as pessoas comecem a ter vergonha na cara e a dar valor ao que realmente é bom. A mentalidade leva trezentos anos a mudar, mas eu tenho esperança. Grata pela tua entrevista e obrigado à DIVULGA ESCRITOR.

 

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