Em terras poéticas chilenas ao lado de Neruda
Rogério Araújo (Rofa) *
Numa viagem para o Chile, em 2014, para receber a Comenda Pablo Neruda, em Santiago, no Chile, promovido pela Universidade Católica de Santiago e pela Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas foi nítido observar a inspiração do poeta chileno com o cenário deslumbrante em seu dia a dia.
Na chegada ao sobrevoar as Cordilheiras dos Andes já foi um prenúncio do que viria pela frente nos próximos dias nessa terra de muita beleza e modernidade com ar histórico.
“...Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore...” – disse Pablo Neruda. E que bela poesia em palavras para lá de melódicas que o poeta nos deixou para nos blindar a cada leitura com suas palavras inigualáveis.
Letras que unidas formam palavras que formam frases que vão derretendo o “gelo” do ser humano, assim o sol derrete a neve das cordilheiras que observamos com muita atenção.
Aquece o frio de um local que entra pelo corpo, cortando como se fosse uma espada afiada. Gela mãos mesmo com muitas luvas que podem ser novamente esquentadas pelo calor da poesia.
“E a minha voz nascerá de novo, talvez noutro tempo em dores, e nas alturas arderá de novo o meu coração ardente e estrelado” – declara Neruda. Quanta emoção vislumbrar um local onde passou um poeta que imortalizou sua passagem pelo mundo.
Viajar já é um período para lá de especial por espairecer a cabeça e deixar novas experiências e culturas bem diferentes da nossa invadir nosso viver.
Somos os mesmos onde vivemos e para onde vamos, mas a diferença está nos ares que dão gás e nos fazem inspirar cultura e encher nossas mentes de novas ideias e inspiração única, assim como os pulmões de ar puro.
“Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde, amo-te simplesmente sem problemas nem orgulho. Amo-te assim porque não sei amar de outra maneira.” – dispara a flecha dos versos adocicados e cheio de sentimentos de Neruda.
Mostrar sentimentos em versos é especialidade de poetas que mostram o que sentem em seus versinhos. Usam e abusam de termos que emociona e transforma uma tristeza em alegria e pessimismo na mais pura esperança.
“Ainda que chova, ainda que doa. Ainda que a distância corroa as horas do dia a dia e caia noite sem estrelas, o mundo brilha um pouquinho mais a cada vez que você sorri.” – que delícia de versos de Neruda, que arrepiam em certas situações vivenciadas.
Costumamos ver as coisas que nos fazem mal ou que dão errado com maior atenção do que as situações confortantes que trazem alívio à alma. Tendência do ser humano pelo que sofre na vida.
“Se não puderes ser uma estrada, sê apenas uma senda, se não puderes ser o Sol, sê uma estrela. Não é o tamanho que terás êxito ou fracasso... mas sê o melhor no que quer que sejas.” – lança Neruda para nos acalmar e a vida sempre amar.
Aproveitar o que a vida nos oferece e fazer do limão uma limonada é o que de melhor há em viver. Lamentar anos a fio sem lutar e mudar a trajetória não é a solução para nada.
“Ser o melhor no que puder ser” é a solução para viver melhor e mais tranquilo. O estresse está aí para tomar conta da vida de tudo e de todos, pois o tédio escraviza e transforma o bom em ruim, a vitória em fracasso e por aí vai...
Vamos viver nossa vida de uma forma diferente, prestando atenção mais nos versos e não somente nas vírgulas e pausas; nas estrofes que cantam nossa alegria e não nossa tristeza; no poetizar e não no problematizar.
Enfim, uma vida descrita por Pablo Neruda que são versos eternizados e que nos fazem bem à vida em qualquer época!
Um forte abraço do Rofa!