Entrevista de emprego
— Bom dia!
— Bom dia! Estou aqui por causa da vaga de emprego.
— Perfeitamente. Qual é o seu nome?
— Abecedário.
— Abecedário? (gritando)
— Isso mesmo, Abecedário. Por quê? Nunca viu?
— Sinceramente, não!
— É, nem eu. Devo ser o único Abecedário do mundo.
— Interessante. Por que esse nome?
— Meu pai era professor.
— De português, eu presumo.
— Hahaha!
— Não entendi o motivo da risada!
— Errou feio.
— E sua mãe?
— Vai bem, obrigado.
— Também professora?
— Sim. Quer tentar descobrir o nome deles?
— Abecedário, isso aqui não é um jogo de advinha; é uma entrevista de emprego.
— Tá bem, vamos lá. (triste)
— Ai, ai... Qual o nome deles? Agora fiquei curioso.
— Isaac Newton e Simome de Beauvoir.
— Hum! (pensativo) Professores de física e filosofia, portanto.
— Hahaha. Errou de novo. Ele era professor de matemática, ela de geografia. Estão aposentados agora.
— Interessante. Qual sua experiência profissional?
— Eu tenho uma irmã.
Bufada.
— Ótimo.
— Não quer saber o nome dela?
— Isso não vem ao caso, Abecedário!
— Tudo bem. (quase chorando)
— Tá bom, Abecedário, qual é o nome da sua irmã?
— Fotossíntese.
Silêncio.
— Interessante, mas vou perguntar de novo: qual sua experiência profissional?
— Sou professor!
— De?
— Não vai tentar adivinhar?
Bufada. Soco na mesa.
— Seria português?
— Hahaha. Errou de novo, pode pedir música no Fantástico.
Bufada. Soco na mesa. Cinzeiro jogado na parede.
— Biologia.
— É professor há quanto tempo?
— Eu tenho um filho.
Bufada. Soco na mesa. Cinzeiro jogado na parede. Grito de desespero.
— Tá bom, antes que você diga alguma coisa, vou perguntar: qual é o nome do seu filho?
— Hélio!
— Hélio? (surpreso, muito surpreso)
— Isso mesmo, Hélio. Gás Hélio!
— Hahahahahahahaha.
— Que isso, tá me tirando?
— Calma, Abecedário!
Silêncio.
— Quer saber, Abecedário? O senhor tá contratado.
— Mas já? (espantado). Nem falei sobre meus avós...