ESCREVE-ME
( Tema - Cartas de Amor)
Escreve-me a lápis, a esferográfica, a tinta permanente. Escreve-me à mão, à máquina, as palavras que transportas emaranhadas no bolso, e as alinhadas no coração. Despeja-me em cima, palavras como quem vira uma mala sobre uma mesa e verte o seu conteúdo, procurando qualquer coisa que lhe faz falta.
Não te desole se não achas, depois de rebuscar tudo e continuas vazio. Escreve-me... e talvez eu saiba o lugar do que procuras e possa ajudar-te. Eu seja, o que buscas e consiga preencher-te.
Hoje, acordei de madrugada. Fui cumprimentar a manhã, da minha janela, com uma chávena de café quente na mão e... deixei escrito no nevoeiro, cerrado e frio, que me esperava, estas palavras escritas para ti... como quem escreve num vidro embaciado.
Espero que ao acordares, o nevoeiro se não tenha dissipado. Aí, o nevoeiro também te cumprimente, assim. Frio, húmido e cerrado, com o pio de uma gaivota a atravessá-lo, sem a veres. Mas que leias, todas as minhas palavras perfeitamente. Elas te incentivem a escrever. Fá-lo de espírito, aberto, sem nada omitir. Como quem sabe perfeitamente, ler, nas entrelinhas.
Escreve-me...
Não faças como eu, que escrevo e apago todos os emails para ti, apavorada com o desprezo.
Sou uma tonta! Só escrevo no nevoeiro, com a esperança que leias ao acordares.