Espelho
Fixou seu rosto... e olhando além da imagem
Que, nua, se prostrava á sua frente
Entrou nos olhos seus... E na voragem
Do tempo que passou, ficou silente!
Talvez por cobardia (ou sem coragem),
Baixou o seu olhar e de repente
Um grito se soltou... e na dobragem
O espelho ribombou perante a gente...
Voaram estilhaços... No trajecto,
Olhando aqueles vidros, circunspecto,
Tirou do rosto a máscara sombria...
Depois, num gesto simples, singular,
Desfez-se em mil palavras e a cantar
Ali permaneceu além do dia!
José Sepúlveda